O Rappa
Live Curitiba
Curitiba/PR
18 de março de 2018
por Clovis Roman e Kenia Cordeiro
Rogério Skylab pode não ter entendido nada ao ver um show do O Rappa. Mas a linguagem da banda é assimilada por muita gente. Basta ver que a turnê de despedida vem se alongando, certamente devido a demanda dos fãs. A expectativa era alta: alguns fãs mais dedicados chegaram na frente da Live Curitiba às 8h30 da manhã. Quase 15h mais tarde, eles foram recompensados com um show que certamente atendeu suas expectativas.

Os ingressos estavam baratos, com o primeiro lote da pista custando a partir de 50 reais; as áreas vip e premium também tiveram preços relativamente acessíveis, o que, além da promessa de despedida da banda, fez com que a casa lotasse. A abertura ficou com Hungria, que agitou a galera, principalmente quando mandou um Charlie Brown Jr. A apresentação foi boa, com direito a explosão de serpentina e gelo seco em profusão.
No intervalo, no som mecânico, músicas díspares como “Pretty Fly” do Offspring e “Da Ponte Pra Cá”, do Racionais. A galera curtiu tudo. Enquanto esperava, o pessoal no ‘gargarejo’ podia comprar cerveja com um vendedor ambulante. Ótima sacada, afinal, que está na grade sofre. Mas toda a dor teve seu fim quando, logo após as 23 horas, O Rappa começou seu show.

O público entrou em transe quando um vídeo introdutório começou a rolar no telão ao fundo do palco, seguido por uma introdução hipnótica, quase tribal, por longos minutos. Último a aparecer no palco, após o interlúdio instrumental, o vocalista Falcão conversa com o público, relembra o último show da banda na cidade e promete tocar a noite toda. Não foi pra tanto, mas o show foi amplo o bastante para revisitar sua discografia por meio de suas canções mais famosas.
Além das composições próprias, versões também se destacaram, como “Súplica Cearense”, canção de lirismo tocante da dupla Gordurinha e Nelinho, que ganhou amplitude com o grande Luiz Gonzaga. Outros grandes artistas também a interpretaram com o passar dos anos, como Jackson do Pandeiro, Elba Ramalho e Fagner. Outra, indispensável em qualquer show do O Rappa foi “Vapor Barato”, de Jards Macalé e Waly Salomão, gravada por Gal Costa, no começo dos anos 1970. Um quarto de século mais tarde (1996) O Rappa a gravou no álbum Rappa Mundi, se tornando um de seus primeiros sucessos em território nacional.

No mais, uma enxurrada de músicas que marcaram gerações nesses 25 de carreira, como “Rodo Cotidiano” (em que o público cantou, sozinho, os versos “ô ô ô ô my brother”), “Bitterusso Champagne”, “Vida Rasteja” e “Lado B Lado A”, além das também imperdíveis “Monstro Invisível”, “Homem Amarelo” e mais para o final, “Me Deixa”, “Anjos” e o megahit “Pescador de Ilusões”, esta também do álbum de 1996, o segundo da discografia da banda. O que eles cantavam, a platéia entendia tudo.
