[Resenha] Uhrutau – Memory

Uhrutau – Memory

(Independente – nacional)

Material gentilmente enviado por Som do Darma

Por Clovis Roman

O álbum de estreia do Uhrutau é, no mínimo, impressionante. A despeito de ser o primeiro registro do grupo, sua formação conta com músicos experientes em diversos estilos musicais. O trio composto por Mauricio Bortoloto (vocal/guitarra), Pedro Ghoneim (baixo) e Matheus Vazquez (bateria) congrue influências diversas para entregar um som pesado, progressivo e instigante. 

A avalanche de técnica e bom gosto fica evidente logo com a abertura, “Memory”, mesmo nome do CD. Com um magnífico trabalho de guitarra e incursões de vocais guturais, “Carnival” traz fraseados da música brasileira travestidos de heavy metal. 

Usando o metal como forma de dar vazão às necessidades musicais e de expressão do âmago, a banda supre as necessidades dos músicos e também do público, exposto a um material de qualidade soberba, tanto na estruturação das faixas quanto na produção em si.

Se a “progzera” pega firme nas faixas iniciais, o heavy soturno dá as caras em “Alcohol”, com momentos de lamúrias e outros de pura agressividade, beirando o black metal. O que não significa que os momentos intrincados não tenham vez aqui. Aliás, esta é uma das características mais evidentes no som dos caras.

Mesmo tendo o metal como principal pano de fundo para as composições, o bom gosto dos compositores fica claro nos arranjos vocais, que trazem algo bastante palatável na maior parte do tempo, como “She”, com a participação do excelente Fabio Caldeira (Maestrick, Edu Falaschi).

Jogando o clima no chão e pisando em cima, “Gaze at the Flames” funciona como um depressivo interlúdio caótico para “Parricidal”, que chega a remeter ao Nevermore dos anos 1990 em determinados momentos. Em outros, voltam a evocar o black metal, utilizam solos puramente metálicos ou engendram um encerramento anárquico e ruidoso. 

A mais acessível do play, “Wicked” foi acertadamente um dos singles de divulgação. As linhas vocais aqui são soberbas, os solos idem, assim como os outros elementos que os costuram. A mais enérgica e torta “Stray Dogs” – com elementos de heavy metal – coroa um trabalho consiso e fluido, cujo o qual não conta com quaiser momentos de encheção de linguiça. Tudo aqui tem uma função, cada faixa tem suas características e nuances, que ficam na memória.

A capa, igualmente brilhante, segundo Maurício: “Tivemos como conceito principal os processos do inconsciente, que deram unidade a letras, instrumental, título e capa”. Sou impactado com diversos, quase incontáveis lançamentos de nomes brasileiros, e mesmo calejado, não deixei de me surpreender e vibrar nas várias audições que fiz para escrever este texto. Veredito: A audição de Memory é imprescindível.

Músicas

1- Memory

2- Carnival

3- Alcohol

4- She

5- Gaze At The Flames

6- Parricidal

7- Wicked

8- Stray Dogs

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