Praying Mantis – Katharsis
(Shinigami Records / nacional)
Por Clovis Roman
A veterana banda Praying Mantis tem cerca de 50 anos de existência, e com Katharsis chega ao seu 12° álbum, que consolida a formação composta pelos membros originais e irmãos Tino e Chris Troy, o guitarrista Andy Burgess, na banda há quase 15 anos, o vocalista Jaycee Cuijpers e o baterista Hans in’t Zandt. O grupo é sempre citado como integrante da NWOBHM, porém sempre foi mais melodica e acessível que outras deste movimento, como Iron Maiden ou Motorhead, por exemplo.
O álbum conta com uma espetacular capa, obra de Rainer Kalwitz, que conta pontos antes mesmo de apertarmos o play no CD. O rock and roll polido de “Cry for the Nations” mostra como os caras tem o dom de fazer um hard rock melódico sem cair na pieguice.Estranhamente, “Closer to Heaven”, uma balada radiofônica, dá sequência. A faixa é ótima, tocante, mas caberia melhor na tracklist trocando de lugar com “Ain’t no Rock and Roll in Heaven”, calcada em AC/DC, uma paulada amplificada por vir justamente depois de um som mais emotivo. Vale frisar que este é um dos títulos mais geniais da história do Rock.
O que se destaca até este ponto no CD é o bom gosto dos arranjos e o vocal de Cuijpers, em seu terceiro disco com a banda, no qual soa ainda mais seguro e a vontade. Basta ouvir “Non Omnis Moriar” ou a despojada “Long Time Coming” e seu refrão grudento. Ele só não salva a baba “Sacrifice” que, apesar do nome, é uma balada açucarada.
Cantar em uma banda que já teve monstros como Bernie Shaw (Uriah Heep), John Sloman (idem), Doogie White (ex-Rainbow) e Paul Di’Anno (ex-Iron Maiden) não é para qualquer um, mas o cara vem tirando isto de letra há quase uma década. Curiosamente, a interpretação em “Wheels in Motion” lembra muito Shaw em sua fase pós -1980’s; todavia, quem canta aqui é Chris Troy.
A gama sonora multifacetada e ao mesmo tempo coesa de Katharsis não permite que a audição saia do protagonismo. Difícil se distrair deste disco, seja nas mais melosas, nas mais pungentes ou em sons no meio termo, como a quase balada “Find Our Way Back Home” (com um fade-out interessante, no qual os instrumentos abaixam antes que o vocal, criando um efeito curioso) ou a cadenciada “Masquarade, aliás, outra em que o vocalista se destaca, bebendo na mesma fonte de mestres como Ronnie James Dio.
A extensa “Don’t Call Us Now” traz um pouco mais de vigor, por ter partes variadas e instigantes, além de belas melodias, e “The Devil Never Changes”, grudenta e também dinâmica. Ambas fecham o álbum com força (dentro dos padrões do estilo do grupo, obviamente).
O Praying Mantis não reinventa a roda aqui (afinal, a roda está funcionando perfeitamente), e a estabilidade da formação permite e incentiva esta linearidade. Katharsis esbanja bom gosto e perdurará na memória dos fãs no decorrer dos anos. O tempo não mente.
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Músicas
- Cry For The Nations
- Closer To Heaven
- Ain’t No Rock ‘n’ Roll In Heaven
- Non Omnis Moriar
- Long Time Coming
- Sacrifice
- Wheels In Motion
- Masquerade
- Find Our Way Back Home
- Don’t Call Us Now
- The Devil Never Changes

