[Cobertura] Música de gosto duvidoso invade o palco do 92 Graus

Flesh Grinder, Ethel Hunter, Crotch Rot, Opressor
23 de setembro de 2022
92 Graus
Curitiba/PR

Por Clovis Roman e Kenia Cordeiro

Uma noite repleta de bandas de gosto musical duvidoso. Esta frase, usada pelo baixista e vocalista do Flesh Grinder, RAM The Butcher, define muito bem como o metal extremo é visto pela sociedade. Problema deles, inclusive. Quem curte uma boa podreira teve uma programação excelente no palco do 92 Graus no final de setembro.

Opressor (foto: Clovis Roman)

Abriu a noite o Opressor, que apresentou um death/thrash metal calcado nas diretrizes do estilo, em um repertório longo. Além de músicas que a banda vem tocando há anos – os caras têm mais de uma década de estrada – apresentaram uma canção nova, chamada “Bipolar Distortion”. As letras da banda tem como tema central a esquizofrenia, algo que fica evidente com alguns dos títulos de suas músicas. Foi uma apresentação intensa e regular, que preparou o terreno para as bandas seguintes.

Repertório – Opressor

Intro (T.F.C.D.)
The Fucking Christ is Dead
Screams of an Inner War
Blood and Agression
Bipolar Distortion
Intro (Brainwashed)
Brainwashed World
Killer Instinct
Tormented by Death
Time of Violence

CrotchRot (foto: Clovis Roman)

O Crotch Rot está divulgando o EP Tupiniviquem, cuja faixa-título abriu a noite de maneira bastante descontraída. A nova formação, com o guitarrista Jago Martins, está afiadíssima. O show foi um rolo compressor de sons curtos e divertidos, algo em torno de meia-hora de duração. Foram 14 músicas de todas as fases da banda – impossível não dançar com pérolas como “X-Gordinha” ou “Orgia de Crackudo” (no qual o sampler falhou e Muringa cantou o funk da introdução no gogó; genial). Aliás, o visual do vocalista esta noite foi uma roupa do Sonic. Completam o time a integrante da formação original Angela Jornada (baixo) e o brutal baterista André Cirino. Obrigado por existir, Crotch Rot.

Repertório – Crotch Rot

Tupiniviquem
Tesão de vaca
Brochas from Hell
At War With Sebinho
Sarrada aérea
Goregrind universitário
Lançamento de feto na paulista
Orgia de crackudo
X gordinha
Molho madeira
Dialética do Pau
Fluxos Penianos
Virilha podre
Peito bipolar

Ethel Hunter (foto: Clovis Roman)

O clima pândego dos bailinhos goregrind deixou o cenário para dar espaço ao death metal ríspido do Ethel Hunter, que estreou este ano sua nova e sólida formação. Agora como um quinteto, com dois guitarristas brabos – Gerson Watanabe (ex-Fornication e Anmod) e Bruno Schmidt (Divulsor) – o grupo massacrou impiedosamente o público, presente em boa quantidade neste momento. Vale citar que completam a formação os igualmente competentes Hernan Rodrigo (baixo), Weliton Lisboa (bateria) e Larissa Pires (vocal). A banda mandou, oito das dez músicas do álbum Consciousness Awakening (2020), a nova “Feel the Dirt Under Your Skin” e desta vez mandaram uma cover, a graciosa “Raping the Earth”, do Extreme Noise Terror.

Repertório – Ethel Hunter

Nomade
Darkest Cult
Ignoble Redemption
Relentless Hunt
By Nightfall
Ceaseless Pain
Flesh Blood, Quench Your Hunger
Near the Light
Feel the Dirt Under Your Skin
Raping the Earth (Extreme Noise Terror)

Flesh Grinder (foto: Clovis Roman)

A atração principal da noite foi os catarinenses do Flesh Grinder, uma verdadeira lenda do gore/grindcore mundial. Responsável por discos fundamentais no estilo, principalmente no começo do atual milênio, a banda sempre oferece música pútrida em suas performances, e nesta noite não foi diferente. Apesar do som de bateria magro, o show foi satisfatório. Se apresentaram como trio, diferente da última vez que eu os vi, em 2019. Sabendo da força dos discos antigos, deram certa ênfase nos malditos S.P.L.A.T.T.E.R. (1999) e Libido Corporis (2001), se contar que abriram com das do debut Anatomy & Surgery (1997): “Ophtalmologic Laceration in an Insane Moribund” e “Embolia”. Fecharam com Blood, Pus and Gastric Juice, do Pungent Stench, que eles gravaram no CD Coroner’s Inquest Suit (2005).

Seja de gosto duvidoso ou não, o death metal e o grindcore soam como uma sinfonia para os ouvidos treinados. Afortunados são aqueles que compreendem a beleza oriunda do grotesco.

Repertório – Flesh Grinder

Ophtalmologic Laceration in an Insane Moribund
Embolia
Acute Syndrome Resembling Infectious Monucleosis
Aroma of an Open Gall-Bladder
Ureoplasma Urealyticum
Granulomatous Inflammation With Elliptical Macrophages
Graveyard Meat
Flictenas
Cutaneous Anaphilaxis
biacromioxifopubiano
SPLATTER
Crematorium
Blood, Pus and Gastric Juice

Deixe um comentário