[Resenha] On Crash – Do Absurdo

On Crash – Do Absurdo
(nacional)

Material gentilmente enviado por Brado Records

Por Clovis Roman

O som do On Crash transita no punk, hardcore, sludge e crust, e como isto sugere, se alinham ao som letras contra a dominação e padronização do ser humano e exploração de sua dor. Ou como eles mesmos explicam: “Faixas que gritam a realidade em preto e branco, as questões existenciais à escuridão da qual emergem as revoltas coletivas”.

Este material foi gravado no Brasil e Espanha, entre 2020 e 2021, sendo lançado este ano. A ficha técnica cita dois músicos: Julio Freschi (guitarra e vocal) e Gabriel Ragghiante (bateria), todavia, nas redes sociais as fotos mais recentes trazem quatro integrantes, sendo os novos nomes Victor Claro (guitarra) e Réjão DeNyah (baixo). Não há tantas informações assim sobre a banda na internet, apesar das redes sociais. Mas a música aqui fala por todo o resto.

Abrindo com “Expresso Para o Fim Do Mundo”, o som atinge níveis caóticos com vocais gritados em primazia, que parecem ter sempre duas camadas de tão dissonantes. A rispidez é ampliada dos vocais para o instrumental, com as partes brutais e assimetricas de “Sou”. Mesmo assim, há momentos mais inteligíveis.

“Nós não podemos brincar no universo moral de Deus, porque são leis que ele estabeleceu”. Assim começa “Desgraçados”, faixa curta (parcos 40 segundos, desconsiderando a introdução declamada) cuja letra reforça as diretrizes líricas do grupo. O shoegaze aparace na intro de “Os Outros”, mas logo toma seu rumo, em uma música com cadência mais groovada e profusão de partes, incluindo passagens mais técnicas.

No encarte há um texto central, que explica um pouco mais do conceito do On Crash, questionando a vida pela sobrevivência e ventilando uma consciência coletiva a ser despertada e alimentada. Com título sugestivo, “Ditadura Disciplinar” é mais efetiva no campo lírico que no musical. A congruência entre estes elementos volta com tudo em “Irracional”, com introdução dedilhada e contando com um passeio por estilos e tendências estilísticas sonoras, chegando até mesmo no stoner.

Encerra prematuramente o CD “Ruminante”, que não se refere ao eleitorado de determinado candidato. Brutal e mais rápida, com riffs duradouros na memória, a música é um dos destaques do CD, que acaba com menos de vinte minutos de barulheira. A produção é bastante razoável, apesar da oscilação no volume dos vocais de faixa para faixa. Não caracteriza um defeito, entretanto. Este álbum do On Crash é um absurdo de rispidez.

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