Godhound – Refueled
(independente – nacional)
Por Clovis Roman
A banda potiguar Godhound tem 12 anos de estrada e dois EPs que precedem o álbum Refueled, gravado pelos músicos Victor Freire (vocal e guitarra ), Kael Freire (vocal e baixo), Vitor Assmann (guitarra) e Lázaro Fabrício (bateria).
Com uma aura soturna, remetendo imediatamente ao Black Sabbath dos anos 1970, “Gravestone” abre o disco em grande estilo, apesar dos vocais forçados e pouco dinâmicos na interpretação. Mais animada, com um riff principal contagiante, o rockão “Diesel Burner” fala sobre carros e motores, algo que se relaciona até mesmo com o título do disco.
O stoner segue ditando o ritmo do CD, com a mais cadenciada “Warriors”, cuja letra é inspirada no filme cult “The Warriors”, de 1979. O trampo das guitarras são um grande destaque deste disco, como fica notável em “Jack the Lumber”, umas das mais empolgantes faixas, com algo de mais acessível sem perder a essência do rock and roll. O refrão “hit the lumber, Jack, hit the lumper”, uma vez ouvido, demora a ser esquecido. O solo de guitarra é igualmente memorável.
A participação de Jimmy London em “Deathmask Trucker” dá um charme especial a faixa, que mescla rock e a alma do metal em um som cadenciado e envolvente. Não há nada aqui que lembre Matanza, caso você esteja se perguntando. Uma ode ao rock and roll, narrando o nascimento de uma banda e a liberdade que isto oferece aos músicos amantes do estilo, “Rockin’ Spirit” é mais minimalista, com poucas variações de andamento e ritmo, mas que prende a atenção e deve ser daquelas que funcionam bem ao vivo. Aqui, os vocais têm algo de Zakk Wylde, o que combinou com a música em si.
Se a música com o ex-vocalista do Matanza não remete aos cariocas, o mesmo não pode ser dito de “Open Letter”, canção veloz com a cara daquele grupo que mesclava punk e hardcore com metal e country. Este legado segue hoje com o Matanza INC, com os músicos que gravaram e compuseram todos aqueles sucessos. Voltando ao Godhound, “Takeover” é a despedida do CD, que abre com um riff roubado lá dos anos 1970 (Kill the King, alguém?). Os solos começam a aparecer logo no primeiro minuto, e o ritmo mais acelerado convida a gastar mais algumas energias balançando a cabeça e o corpo.
A excelente capa é obra de Wildner Lima (Kiss, Motley Crüe, Ministry), cuja intenção é explicada por Victor Freire: “A carcaça do boi, imagem central, conversa com a capa do nosso segundo EP. A ideia dos carcarás e as joias usadas pelos cangaceiros, são elementos presentes no imaginário coletivo e retratam, de alguma forma, a cultura nordestina. No contexto do álbum, sugerem ressignificação, força, reabastecimento, de fato, seja em relação às ideias e concepções relacionadas à banda, seja quanto aos aspectos musicais em si”.
Com mais de uma década de espera até chegar ao primeiro álbum completo, entregam em Refueled músicas bem estruturadas e lapidadas, com uma sujeira na medida e a rispidez que o rock pede, porém, sem exageros. São oito músicas autorais que mostram um grupo redondíssimo, certamente devido à experiência adquirida nestes anos todos na estrada, no qual fizeram diversos shows, incluindo eventos de maior magnitude. Se você quer ouvir um bom disco de rock, com uma produção limpa mas não esterilizada, com guitarra na cara e bons refrãos, aqui está uma excelente pedida.
Músicas
01. Gravestone
02. Diesel Burner
03. Warriors
04. Jack the Lumber
05. Deathmask Trucker
06. Rockin’ Spirit
07. Open Letter
08. Takeover
Crédito Foto: Jonatas Pereira

