Bad Bebop – Starting Riots
(Lamrequim – nacional)
Por Clovis Roman
Três anos após o debut Prime Time Murder, o Bad Bebop, na época ainda um trio, colocava no mercado seu segundo disco: Starting Riots, inicialmente, apenas em formato digital. Em 2022, chegou a vez do material ver sua versão em CD físico ser disponibilizado aos fãs.
O stoner/heavy do grupo é direto ao ponto, sem firulas ou repetições de passagens sem propósito. É tudo coeso, conciso e com um extremo bom gosto raro na atualidade. Enquanto tantos buscam fazer barulho pelo barulho, e outros tantos, apenas exibir sua virtuosidade, Celso Costa (bateria), Henrique Bertol (guitarra) e Juliano Ribeiro (baixo e voz) trabalharam como uma equipe, fazendo um som que lembra os anos 1990, com melodias pegajosas e peso na medida.
O belo trocadilho no título já é um ponto positivo: “This Grace”, cadenciada, traz ritmo empolgante e linhas vocais incomuns em menos de três minutos. Na verdade, apenas duas de dez passam dos quatro minutos de duração, o que comprova que os caras querem dar seu recado sem rodeios. Remetendo ao grunge e ao southern rock, a arrastada “Crossfire” – a mais extensa do álbum todo – leva o ouvinte a outros caminhos. Boas referências do thrash metal nas guitarras (quiçá uma reminiscência de Bertol de seus tempos de Necropsya?) surgem pontualmente.
A porrada de “Backbone” elimina qualquer possibilidade de entorpecimento com peso e velocidade, além de vocais mais agressivos, próximos do gutural, em algumas passagens. Mais densa, com passagens arrastadas e melodias vocais fantásticas, “Thieves” desdobra a nossa frente ainda outras possibilidades musicais da Bad Bebop. O solo de guitarra, com o baixo segurando as pontas na base, é impressionante. Esta, assim como sua antecessora, foram singles lançados antes do CD completo.
Outra que antecedeu Starting Riots foi “Herald of Truth”, outra com linhas vocais suaves logo sobrepujadas pela raiva. A parte “Every sense of truth, feed the mind of the liar” cresce abrindo espaço para uma parte enfurecida que repete a palavra “Liar”, alicerçada por um instrumental veloz. Aliás, este refrão gruda instantaneamente na cabeça, para cantar junto seja ouvindo em casa, seja vendo a banda ao vivo. Mais contida, menos bruta, “Sunset Drive” mantém o ritmo, assim como “Move”, que abre com riffs metálicos e traz novamente uma proximidade intimidadora com o thrash metal.
Com passagens caóticas, “Pyro”, com forte pegada grunge, também se destaca, e após a balada acústica “How Are You Holding Up”, a saideira “Bullet Hole” injeta dose extra de peso para encerrar o álbum com a energia lá em cima. Aqui, aliás, Juliano dá uma aula de interpretação vocal. A parte final é extremamente pesada, novamente com algo de Pantera, encerrando de maneira grandiosa a tracklist oficial do álbum.
O trabalho é bastante homogêneo, mas não se deixa enjoar justamente pelas canções serem curtas e terem riffs e ritmos muito marcantes, sem contar as linhas vocais muito bem construídas e memorizáveis. Cada uma delas traz algum elemento inesperado, sem, entretanto, sair da fórmula proposta pelos músicos. A melhora na gravação em relação ao debut Prime Time Murder, é perceptível a quilômetros. A bateria ficou encorpada e, ao mesmo tempo, sutil. O som da guitarra está bem mais definido e os vocais não estão tão no topo da mixagem.
A versão em CD conta com uma novidade extra: “Red Flag”. Esta é a primeira gravação da atual formação do Bad Bebop, agora um quarteto, com a entrada do vocalista José Trindade e do baixista Roger Larsen no lugar de Juliano Ribeiro. Inclusive, estes dois integrantes foram os compositores da música, com letra de José. A nova formação está realizando uma grande quantidade de shows, e ao vê-los no palco, é impossível imaginar que eles estão juntos há alguns meses apenas. A química é quase palpável.
Músicas
1 – This Grace
2 – Crossfire
3 – Backbone
4 – Thieves
5 – Herald of Truth
6 – Sunset Drive
7 – Move
8 – Pyro
9 – How’re You Holding Up
10 – Bullet Hole
11 – Red Flag

