8Kalacas – Fronteras
(Shinigami Records – nacional)
Por Clovis Roman
Oriundo de Orange County, estado americano da Califórnia, o 8Kalacas apresentou ao mundo este ano seu terceiro álbum completo de estúdio, chamado Fronteras. O septeto usa e abusa de referências sonoras e não se furta em passear por estilos, num primeiro momento, bastante difusos e antônimos. Mas vamos por partes. O nome da banda, significa “oito caveiras”, e isto fica bem evidente na arte impressa no CD, no qual aparecem oito caveiras em círculo.
Musicalmente, o som passeia do ska e hardcore ao metal sem cerimônias. O primeiro destes é o mais evidente durante a audição, principalmente em sons como “Pudrete”, “R2Rito” e na mais acessível “Lábios Negros”. A faixa-título “Frontera” começa com muita irreverência, ampliada pelo uso dos metais, e com o peso do metal (calma, são coisas diferentes). As partes mais ska são bacanas, mas se destacam mesmo os trechos mais agressivos.
Quem esperava algo mais porrada como “Omega”, do já distante Kill the Radio (2014), é atendido por “Mutante” e “Garras”, cuja violência da introdução chega a assustar, ainda mais por vir depois da safada “Luna”. Em “Garras”, até os arranjo dos metais são mais tensos e pesados, somando com os riffs e solos de guitarra. Esta é, de longe, a melhor música do CD.
Apesar de não ser tão pesada, o título “Luz Y Fer” é bastante metal. Uma lida mais atenta e você logo percebe o trocadilho: Lucifer, explicitado no refrão. O ritmo contagiante dos metais, reforçando a base do ska, torna esta faixa irresistível.
A que mais exala metal é “Mutante”, mesmo que de vertentes mais modernas. O som agressivo das guitarras alicerça até mesmo as vozes mais bufônicas. Há passagens com bateria super veloz e guturais, que surpreendem e dão a sensação de que poderia durar mais tempo. Os riffs de guitarra aqui são excelentes, e mudam a toda hora, dando bastante dinamismo à composição.
Bastante envolvente, “Gato” tem sessões instrumentais vibrantes e outros que são uma viagem só, que nos transportam com o maior conforto à “Flatline”, outra peça mais branda, um interlúdio um tanto mal posicionado, por estar próximo ao final da tracklist. Mas como este movimento é deleitante por si só, não configura um problema. Encerra o CD “1941.”, sobre a Segunda Guerra Mundial e seus podres, com passagens que remetem ao Avenged Sevenfold. Todos os temas são cantados em espanhol, como uma reverência às origens latinas da banda americana.
O disco é ótimo, apesar de passear por muitos estilos. Justamente por isto conquista, pelo ineditismo e ousadia. O skacore do 8Kalacas sorve influências dos primórdios do new metal, de Pantera e Sepultura (aliás, a intro de bateria de “Mutante” tem um toque de “Territory”) ao Slipknot, principalmente nos arranjos vocais das partes mais violentas. Além disto, há a energia do hardcore e a petulância do ska. A receita pode parecer insólita em um primeiro momento, mas é de fácil assimilação mesmo aos não acostumados a cruzar estas fronteiras musicais. Quem gosta, vai embarcar de primeira.
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Músicas
- Frontera
- Pudrete
- Mutante
- Esquizofrenia
- R2rito
- Labios Negros
- Luna
- Garras
- Luz Y Fer
10.Gato - Flatline
- 1941
Foto: Reprodução/Facebook (foto sem créditos)

