Opeth
09 de fevereiro de 2023
Terra SP
São Paulo/SP
Por Clovis Roman e Kenia Cordeiro
Às 21 horas em ponto, o grupo formado por Joakim Svalberg (teclado), Martín Méndez (baixo), o monstruoso Fredrik Åkesson (guitarra), o novato Waltteri Väyrynen (bateria) e o chefão e único membro original, Mikael Åkerfeldt (guitarra e vocal) sobe ao palco do Terra SP, sob ovação geral, com uma breve e delicada intro que logo se transforma em uma pancada de respeito. Trata-se de “Ghost of Perdition”, um dos highlights de Ghost Reveries, um dos tantos álbuns brilhantes da discografia do Opeth.
Um repertório com treze músicas pode parecer curto, todavia, não se a banda no palco for o Opeth. Faixas extensas, muitas vezes ultrapassando a faixa dos dez minutos, construíram uma performance longa e primorosa tecnicamente. Bastante comunicativo, Åkerfeldt conversou com o público diversas vezes durante os intervalos, desde agradecimentos pela presença até mesmo ensinando como pronunciar o nome da banda.
Outro diálogo extenso ocorreu antes de uma faixa diametralmente oposta em termos de duração. O frontman – após aguentar diversos pedidos da plateia durante o set – declarou que tocariam uma canção que demandou meses de ensaio devido sua técnica apurada, e com uma mensagem profunda. Os versos “You suffer, but why?”, que consistem na totalidade da letra, foram urrados de maneira ininteligível, assim como a gravação original de “You Suffer”, clássico do Napalm Death gravado em 1987 no álbum Scum. Pode ter soado mais como uma zoação que uma homenagem, mas em todo caso, todos curtiram e riram muito, até porque o Opeth tocou a faixa três vezes seguidas – ela tem menos de dois segundos de duração.
Virando a chave completamente, o quinteto encerrou a noite com outra faixa gigantesca, deixando para trás o momento cômico. A épica “Deliverance” representou o álbum homônimo, e em seus mais de 13 minutos, levou aos fãs à uma viagem final em meio a tantos momentos sublimes contidos na composição. A empolgação dos fãs refletiu nos músicos: Åkerfeldt, em determinado momento da saideira, acabou derrubando o pedestal ao voltar ao seu posto, e teve que correr para o microfone de Åkesson para cantar os iminentes versos.
A participação da plateia, inclusive, foi outro fator fundamental na equação. Se no palco, a entrega era primorosa, na parte de baixo, a empolgação era imensurável. Qualquer movimentação dos músicos da linha de frente era aclamada ruidosamente, o que injetou uma dose extra de energia ao momento, instaurando uma relação sinérgica entre ambos.

Impressionante não apenas musicalmente, o show conquistou pela longa duração e mesmo assim, por ter mantido a atenção de todos. O público entoou as belas e suaves melodias de “Harvest”, na parte “Pink Floyd” antes do solo. Os fãs também foram determinantes para a catarse em “Black Rose Immortal”. A música do Opeth é densa, de difícil assimilação para ouvidos destreinados. Ela demanda muita técnica e sensibilidade. Nem mesmo Åkerfeldt passou batido: ele precisou de uma cola para as letras de “Deliverance” e “Allting Tar Slut”, entre outras (aliás, havia também a letra de “Blackwater Park”, não apresentada esta noite). Ninguém percebeu ou se importou.
Como não bastasse as duas horas do tempo regulamentar, o Opeth ainda entregou mais vinte minutos de pura magia na prorrogação. Seja como for, entraram com o jogo ganho, e saíram com uma goleada que garantiu os três pontos. A casa lotada é uma prova do amor dos brasileiros ao grupo, que será sempre bem vindos para esses lados.
Músicas
Ghost of Perdition
Demon of the Fall
Eternal Rains Will Come
Under the Weeping Moon
Windowpane
Harvest
Black Rose Immortal
Burden
The Moor
The Devil’s Orchard
Allting tar slut
Sorceress
You Suffer [Napalm Death] 3x
Deliverance
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