Sunroad – Sunesthesia
(Musik Records / nacional)
Material gentilmente enviado por Som do Darma
Por Clovis Roman
Em 23 anos, desde a estreia com Heat From the Road, o Sunroad sempre foi uma máquina de composição e lançamentos. No último ano, chegou a vez do 9º registro de estúdio oficial do grupo: Sunesthesia, o segundo com o vocalista francês Steph Honde, do Hollywood Monsters, conjunto que contou com gente do naipe de Don Ayrey, Vinny Apice e Tim Bogert.
A abertura pomposa de “Speed Warning #1” prepara o terreno para um som rápido, mas sem exageros, com muita melodia e uma participação bastante bacana de Ronnie Romero, o moço chileno que foi vocalista da última encarnação do Rainbow, há pouco menos de uma década.
Há bastante referências ao rock dos anos 1970, ainda mais afloradas que nos discos anteriores, como em diversos momentos de “Scanning Skies”, que brinca com Hendrix, e “Long Ago”, na qual a performance vocal transborda técnica, mas fica devendo um tanto no feeling (algo que se repete na balada “By Any Means”); e a base que sustenta o solo é bastante batida.
Com mais peso, contrabaixo trovejante e uma participação especial de David Coverdale (se não é ele, Honde o emulou com perfeição), depois de duas faixas menos inpiradas, o ritmo groovado de “Drown” trouxe um sorriso imediato ao rosto, de orelha a orelha. Outro highlight está na cadenciada e tensa “Pieces of Fantasy”, que carrega emoção consigo e a transmite ao ouvinte, o segurando pela mão durante esta caminhada rumo a um destino desconhecido; curiosamente, a faixa mais extensa é a menos cansativa. Até este momento, ela, ao lado de “Drown” e “Speed Warning #1” formam a trinca de destaque.
Aumentando ainda mais a dose de peso, “Screen Screw” traz performance vocal menos afetada e bastante adequada com o arranjo. O resultado é começar a bater o pé e a mexer a cabeça involuntariamente. Ela segue a estética da anterior, com pegada mais arrastada e um leve tom ameaçador instigante. Seu contraponto surge com “Hit and Run”, muito mais alegre, e mais a frente, em “A.S.A.P. (I Might not Come Tomorrow)”, uma balada bastante acessível e até mesmo minimalista e, consequentemente, envolvente. Outro golaço desse CD.
O trabalho traz consigo uma verdadeira miríade de convidados especiais: Ronnie Romero (Rainbow, Michael Schenker Group); o tecladista Michael T. Ross (ex-Hardline e Lita Ford); o baixista do Hollywood Monsters (ex-banda do próprio Steph Honde), Ronnie Robson; além de Carl Dixon (Coney Hatch, The Guess Who) e o guitarrista Rafael Milhomem (BaRok-Projekto).
A similaridade de Honde com Coverdale em tantos momentos do CD é coroada com uma releitura bastante fiel de “Only My Soul”, pérola do segundo álbum solo de David Coverdale, Northwinds, lançado em 1978 e pouco lembrado pelo público em geral. Grande sacada. Aliás, na página dessa faixa no encarte, há uma bem sacada referência ao álbum anterior, Walking the Hemispheres. Sou um grande fã do Sunroad há anos, e em geral, fiquei satisfeito com Sunesthesia. Há os pontos menos brilhantes, todavia, os momentos mais inspirados ainda se destacam.
Músicas
- Speed Warning #1
- Long Ago
- Scanning Skies
- Drown
- Sink Your Dirty Teeth Into Me
- By Any Means
- Pieces of Fantasy
- Screen Screw
- Hit and Run
- A.S.A.P (I Might Not Come Tomorrow)
- We Watch The Sparks Fly
- Only My Soul
