[Resenha] Meshuggah – Nothing

Meshuggah – Nothing
(Shinigami Records – nacional)

Por Clovis Roman

O Meshuggah é uma banda maluca que é a maior referência no que se convencionou a chamar de Djent. Nothing é o quarto álbum da discografia do grupo sueco, que cada vez mais mergulhava nessas diretrizes musicais.

Mais de vinte anos depois de seu lançamento original, o trabalho volta às prateleiras no Brasil pela parceria da Shinigami Records com a Atomic Fire Records. A gravadora brasileira também trouxe de volta obras fundamentais como Koloss e ObZen, registros importantes da história do Meshuggah. Esta prensagem de Nothing é idêntica ao da época, no que tange a questão gráfica. Musicalmente, eles traziam um aprofundamento da parte técnica em detrimento aos arranjos triviais do thrash metal, que volta e meia davam a cara nas obras do conjunto. O Meshuggah de 2002 jamais comporia faixas como “Ritual” ou “Vanished”.

Com batidas estranhas e viradas no lugar de um andamento convencional, “Stengah” abre o caminho para mostrar aquilo que eles queriam no começo do novo milênio. O som seco, monocromático e densamente pesado é amplificado em “Rational Gaze”, uma faixa que, se não tem ganchos ou melodias, tem momentos memoráveis. Experiencia-la ao vivo é algo único. Esta é uma das composições mais famosas do conjunto, que, inclusive, recebeu alguns diferentes videoclipes, o que aumentou ainda mais sua projeção no cenário metal do começo do milênio.

Depois de um bloco monocromático com quatro faixas – “Perpetual Black Second”, “Closed Eye Visuals”, “Glints Collide” e “Organic Shadows” –, duas mais acessíveis mudam os rumos de Nothing: “Straws Pulled at Random” tem uma pegada mais anos 1990, apesar do caos e dos ritmos quebrados seguirem firmes e fortes, enquanto “Spasms” carrega consigo vocais menos gritados, lembrando o material dos primórdios do Meshuggah. Apontando para o sentido inverso, “Nebulous” é arrastada, beirando o doom em determinadas passagens, e no geral, trazendo a vibe da primeira parte do disco.

Enquanto você ainda está tentando se situar no que está acontecendo na audição do álbum, “Obsidian” chega tomando seu espaço de maneira lenta, com dedilhados, que desemboca em acordes pesados, quase dissonantes, formando uma instrumental hipnótica que se despede com a mesma sutileza com a qual apareceu, porém, com um incômodo fade-out. Incômodo é um dos sentimentos despertados quando ouvimos o grupo sueco, afinal de contas, a música que fazem não é convencional. Se o impacto de ouvirmos ele hoje em dia é grande, imagine quando este e outros discos inquestionáveis do Meshuggah chegaram às prateleiras. Não a toa, eram e seguem sendo a maior referência no que se convencionou a chamar de djent metal.

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Músicas

  1. Stengah
  2. Rational Gaze
  3. Perpetual Black Second
  4. Closed Eye Visuals
  5. Glints Collide
  6. Organic Shadows
  7. Straws Pulled At Random
  8. Spasm
  9. Nebulous
  10. Obsidian

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