Narnia + Rob Rock
26 de setembro de 2023
Basement Cultural
Curitiba/PR
por Clovis Roman
O palco do Basement Cultural ficou pequeno para receber dois nomes consagrados do metal cristão. Dono de uma voz marcante, Rob Rock tem extenso currículo, passando por bandas e projetos como Angelica, Joshua, M.A.R.S., Driver e Warrior, além dos grandes Impellitteri (com quem gravou oito álbuns nos últimos trinta e tantos anos), Axel Rudi Pell e participação marcante no projeto Avantasia, nos álbuns The Metal Opera (2001) e The Metal Opera Pt. II (2002).
Mesmo com esse histórico, o cantor focou seu repertório na carreira solo. A única exceção foi “Father Forgive Them” (Impelliteri, do álbum Screaming Symphony, 1996), mas foi só. Ele abriu a noite com “The Sun Will Rise Again” e “First Winds of the End of Time”, duas composições primorosas e cheias de vigor, abrilhantadas pela banda de apoio, que era o próprio Narnia. Essa, uma banda sueca de power metal, vinha pela terceira vez ao Brasil (estivemos na estreia, em 2017, relembre aqui), trouxe um setlist bem diferente que outrora. Já são três álbuns após o retorno do vocalista original Christian Liljegren, portanto, decidiram focar nesses trabalhos mais recentes: sete das doze apresentadas vieram de Narnia (2016), From Darkness to Light (2019) e Ghost Town (2023).
O formato da apresentação foi surpreendente, pois intercalou as duas atrações. Rob Rock apresentou quatro músicas, na sequência, o Narnia tocou cinco (todas novas). Com a saída de Christian Liljegren do palco, Rock retornou para mais cinco, incluindo uma dobradinha do Eyes of Eternity (2003), com “Fields of Fire” e a visceral “Rock the Earth”, fechando seu próprio repertório com “I’m a Warrior”, extremamente grudenta, vinda do nostálgico Holy Hell, lançado há 18 anos e que tem nomes de peso como integrantes ou convidados: Carl Johan Grimmark (Narnia), Roy Z, Andreas Olsson (Stormwind, Royal Hunt) e Bobby Jarzombek (ex-Riot, Halford e Sebastian Bach).
Era hora do Narnia voltar ao palco, agora oferecendo aos fãs material clássico, como a datada porém classuda “No More Shadows from the Past” (Awakening, o disco de estreia, 1997), a mais pesada “Into This Game” e três do soberbo Long Live the King (1998): a faixa-título, “The Lost Son”, com seu refrão memorável e “Living Water”, que encerrou a noite, com um dueto de Liljegren e Rock. A composição, que transborda bom gosto, deixa escancarada a distância de anos-luz que separa o Narnia dos anos 1990 e o atual. Curiosamente, o fim da fase de ouro veio quando o Narnia abandonou seu mascote de estimação, o leão, que esteve em todas as capas desde Awakening até Enter the Gate. Bom vê-los ainda na ativa, mas a diferença é brutal.
Outro ponto que pincela esse argumento é “The War That Tore the Land” (outra com os dois vocalistas juntos), piegas ao último, um louvor que encanta apenas aqueles que seguem a mesma fé que eles. Para o ouvinte comum, chega até a irritar. A falta de músicas de ótimos discos como Desert Land e Great Fall podem até ser perdoadas, todavia. O resultado final, em todo caso, foi positivo, em uma belíssima noite de heavy/power metal com pitadas de AOR.
Repertório – Narnia
A Crack in the Sky
You Are the Air That I Breathe
Rebel
Thief
Descension
The Lost Son
No More Shadows From the Past
Into This Game
Long Live the King
The War That Tore the Land [com Rob Rock]
I Still Believe
Living Water [com Bob Rock]
Repertório – Narnia
The Sun Will Rise Again
First Winds of the End of Time
Savior’s Call
Judgement Day
Rock the Earth
Fields of Fire
In the Night
Father Forgive Them [Impelliteri]
I’m a Warrior
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