Machine Head
27 de outubro de 2023
Tork N’ Roll
Curitiba/PR
por Clovis Roman
A turnê An Evening With Machine Head, do grupo americano Machine Head, um dos atuais colossos do metal mundial, chegou ao Brasil para três datas: Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, que os recebeu no dia 27 (sexta-feira), no Tork N’ Roll. A promessa era de um show com mais de duas horas, contando com músicas do último álbum, o aclamado Øf Kingdøm And Crøwn, além de faixas de todas as fases nessas três décadas de estrada.
Sem banda de abertura, os americanos cumpriram a promessa para um público considerável na capital paranaense. Liderado pelo guitarrista e vocalista Robb Flynn, o Machine Head conta atualmente com o baixista Jared MacEachern, o guitarrista Wacław Kiełtyka e o baterista Matt Alston. A formação é bem diferente daquela que estreou na cidade há doze anos, na época divulgando o bom Unto the Locust – de lá para cá, só sobrou Flynn. Mas o poder de fogo não perdeu força, pelo contrário. O que melhorou também foi o setlist. Naquela oportunidade, foram 12 músicas, e em 2023, a banda mandou inacreditáveis 21, honrando o nome da turnê.

Das tocadas em 2011, praticamente todas foram repetidas, com exceção de “Beautiful Mourning” e “I Am Hell (Sonata in C#)”, que não chegaram a fazer falta. O complemento veio com um passeio na discografia de dez álbuns – todos eles tiveram ao menos uma representante. O controverso Supercharger trouxe a devastadora “Bulldozer”, Catharsis, a faixa homônima, e Bloodstone & Diamonds, a excelente “Now We Die”, logo no começo. A abertura com “Imperium” e a colossal “Ten Ton Hammer” já teriam valido a noite, mas o Machine Head ainda tinha muito mais a oferecer.

Para manter a distribuição de canções entre os discos, o mais recente teve apenas três, escolhidas a dedo: “Chøke Øn The Ashes Øf Yøur Hate”, “Nø Gøds, Nø Masters” e “Unhalløwed”. Mas foi nas mais antigas que o caos se instaurou. Cada ordem de Flynn era imediatamente obedecida pelos fãs, que participaram ativamente o tempo todo. Um momento que comprova isso foi quando o líder da banda deu quatro opções de covers para que a galera escolhesse: “Whiplash” (Metallica), “Seasons in the Abyss” (Slayer), “Hallowed be thy Name” (Iron Maiden) e “All the Small Things” (Blink 182). Claro que essa última foi vaiada, e apesar dos gritos mais altos terem ido para o Slayer, o Machine Head tocou a do Iron Maiden, mas não sem antes tirar um sarro ao tocar os primeiros versos e refrão do pop descarado de “All the Small Things”. O clima descontraído nessa interação sinérgica era o contraponto ao ódio musical destilado a cada música do extenso repertório.

Pauladas como “Take my Scars”, “Old”, “Davidian”, o épico “Aesthetics of Hate” e mesmo a mais acessível “Darkness Within” (do álbum Into the Locust) emanavam uma fúria quase palpável. Até a pula-pula “From This Day” teve dose extra de peso e aprovação efusiva da plateia. O encerramento com a gigante “Halo” foi a coroação definitiva de uma noite de celebração a um legado ainda em construção, que enterrou na memória o show de 2011. Usando um adjetivo dito por alguns amigos em conversas logo após a apresentação, foi aniquilador.
Repertório
Imperium
Ten Ton Hammer
Chøke Øn The Ashes Øf Yøur Hate
Now We Die
The Blood, the Sweat, the Tears
Take My Scars
Unhalløwed
Locust
Bite the Bullet
Nø Gøds, Nø Masters
Descend the Shades of Night
Now I Lay Thee Down
Hallowed Be Thy Name [Iron Maiden]
Old
Aesthetics of Hate
Darkness Within
Catharsis
Bulldozer
From This Day
Davidian
Halo
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