[Resenha] Amphettamine – De:Compondo

Amphettamine – De:Compondo

(material gentilmente cedido por Amandha Ribaski)

Por Clovis Roman

Projeto da artista Amandha Ribaski, que tomou forma durante o isolamento da pandemia, o Amphettamine soltou o álbum de estreia De:compondo, que traz sonoridades do rock alternativo, grunge e gótico, resultado em uma música caótica e ao mesmo tempo, purificadora, que parece ser um vórtice pelo qual as amarguras da vida vão sendo, conscientemente, sendo expelidos em doses homeopáticas. Não à toa, as letras são bastante pessoais, sob o prisma das experiências pessoais da cantora, que reflete no CD também sua vasta gama de influências musicais.

A sonoridade, mesmo que variada, passa uma sensação de unidade muito forte, levando o ouvinte a deixar o disco no repeat por quatro ou cinco audições consecutivas sem fadigar. E a cada novo giro no álbum, novos elementos e nuances são descobertas. A balbúrdia controlada de “Push Me” – que toma a cena após a introdução torta “Decompondo” – logo abre espaço para “LavAdore”, igualmente densa, mas um pouco mais amena na raiva, e depois, a cadenciada “Hellish Paradise”. Novos caminhos se abrem com “In Despair”, calcada no rock gótico, mantendo-se lúgubre em quase todo seu decorrer, com breves momentos mais enérgicos.

Fechando o Lado A, “Daughter” traça paralelos diversos em um único tema, com ares apocalípticos de conivência. O ritmo hipnótico de “Never Gonna Be a Boy” se torna um crescendo vagaroso como um colosso, até trocar de roupa em um segundo e adquirir contornos mais pop. Mas a viagem musical tem suas fronteiras, e o clima tétrico retorna ao protagonismo com “Yellow Eyes”. A sensação libertadora mencionada no começo da resenha fica mais evidente em “Above Heaven”, ainda sim, bastante melancólica e com melodias minimalistas e grudentas. Nuances ouvidas antes se distribuem por “Past” e na faixa-título, cujos versos formam um acróstico que resulta na palavra… Amphetamine.

Ela abre a trinca final, com músicas mais extensas e introspectivas, seguida por “Rock Doesn’t Roll”, que se desenrola sem pressa e com uma amargura contagiante. Resta para “Constellation Skin”, mais calcada em um metal gótico, aplacar a tristeza do fim da canção anterior. Introspectiva em momentos, agitada em outros, é um encerramento digno de nota. As duas melhores, curiosamente, são as duas últimas.

O trabalho foi produzido no renomado estúdio Funds House, do músico e produtor Aly Fioren (Sad Theory), que co-assina a produção com Amanda. A dupla também é responsável pela “de” composição de todas as músicas. Outros brilhantes músicos da cidade que ajudaram a dar forma a De:Compondo foram o guitarrista curitibano radicado nos EUA Rob Henx e o baterista Jeff Verdani.

Músicas
1 – Decompondo
2 – Push Me
3 – LavAdore
4 – Hellish Paradise
5 – In Despair
6 – Daughter
7 – Never Gonna Be a Boy
8 – Yellow Eyes
9 – Above Heaven
10 – Past
11 – Amphettamine
12 – Rock Doesn’t Roll
13 – Constellation Skin

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