15 de abril de 2024
Ópera de Arame
Curitiba/PR
Por Clovis Roman
A Final Solo Tour, como o nome preconiza, é a derradeira da lenda Rick Wakeman, gigante das teclas, que marcou época com sua obra indiscutivelmente fabulosa com o Yes, o maior nome do rock progressivo de todos os tempos, assim como com a sua pomposa carreira solo.
No palco, um Korg Nautilus a direita, e um piano a esquerda. Era tudo o que o público visualizava. Um cenário minimalista para um artista que ofereceu, no decorrer das décadas, músicas, obras e peças bastante rebuscadas e repletas de sonoridades. O próprio comentou isto, antes de apresentar a saideira “The Journey / Recollection”, duas das faixas de um de seus álbuns solo mais consagrados: “Gravei estas músicas com uma grande orquestra, um grande coro e uma grande banda. Mas eu escrevi Journey to the Center of the Earth no piano. Foi assim que as concebi”. No meio, ainda rolou uma citação a “In the Hall of the Mountain King”, do gigante Edward Grieg e presente no mesmo LP.
O encerramento da primeira parte do show veio com “Help!” e “Eleanor Rigby”, dois clássicos que homenagearam o legado do The Beatles, obviamente, em uma outra roupagem. Cada música apresentada era uma viagem, que em momento algum soou cansativa. Pelo contrário, o concerto, com cerca de 90 minutos de duração, pareceu ter siso bem mais curto. Nos intervalos, Wakeman ia vagarosamente para a frente e se comunicava com o público, com algumas anedotas antes de anunciar algumas canções. Ao explicar as duas músicas de abertura, “Jane Seymour” e “Catherine Howard”, do álbum The Six Wives of Henry VIII, disse: “Ele teve seis esposas. Eu, apenas quatro”. Ele, no caso, é o personagem citado no título, o Henrique VIII, rei da Inglaterra e da Irlanda de 1509 até 1547. O disco em questão conta com seis faixas, cada uma com o nome de uma das esposas do dito cujo.

Com “Yessonata”, Wakeman abriu as janelas e escancarou as portas das galerias da imaginação, ao flutuar entre menções a clássicos eternos do Yes, como “Roundabout”, “Close to the Edge”, “Siberian Khatru” e “I’ve Seen All Good People” e por aí vai, por mais de quinze minutos. Um deleite tentar adivinhar quais músicas integraram este medley luxuoso, que, como anunciado por aí, reuniu passagens de cerca de 30 músicas do grupo.
Relembrando outros momentos da carreira, Wakeman também apresentou “Space Oddity” e “Life on Mars?”, que gravou com David Bowie em meados dos anos 1970. Também não ficou de fora The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table (1975), representado em outro medley, com quatro de suas canções: “Arthur”, “Guinevere”, “The Last Battle” e “Merlin the Magician”.

Foi um passeio por momentos marcantes de uma carreira sólida e de diversas camadas. Se ficou marcado pela grandiosidade, Rick Wakeman dá adeus aos palcos, perto de completar 75 anos, de maneira singela. Seja em cenários requintados e amplos, ou apenas comandando as teclas de um piano, a obra do artista inglês soa sempre brilhante.
Repertório
Jane Seymour
Catherine Howard
Space Oddity / Life on Mars? [David Bowie]
Arthur / Guinevere / The Last Battle / Merlin the Magician
Yessonata
Help! / Eleanor Rigby [The Beatles]
The Journey / Recollection











