[Cobertura] Blessthefall em Curitiba

Blessthefall
18 de maio de 2024
Jokers
Curitiba/PR

Por Clovis Roman e Kenia Cordeiro

Pela quinta vez no Brasil, o Blessthefall retornou pela quarta a Curitiba (só não vieram para a cidade na turnê de 2015) para uma apresentação concorrida no Jokers, que ficou lotado mesmo em um dia chuvoso. Mais uma vez com produção da Liberation, o quinteto canadense teve ótimo som e iluminação e casa cheia para prestigiá-los.

A abertura ficou por conta da Crowning Animals, banda local de Post-hardcore, cujas letras são como reflexões da vida e buscam uma conexão do ouvinte com as narrativas. Não os via ao vivo há cinco anos, portanto, impressionou a garra do grupo curitibano, que tocou meio a toque de caixa, para não perder tempo. Em uma ou outra oportunidade, o vocalista ainda conversava com a plateia quando a música seguinte começava. Aproveitaram bem o tempo, instigaram rodas ao jogarem uns tacos infláveis pra galera e tiveram até alguns refrães cantados pelo pessoal mais na frente. Foram 33 minutos de apresentação, que passaram como um piscar de olhos. Foram tão pontuais que começaram três minutos antes do horário, às 19h57.

Blessthefall
O longo tempo de espera dos fãs brasileiros do Blessthefall para rever a banda foi devidamente recompensado por uma apresentação intensa. Foi o mesmo repertório de 16 músicas apresentado em países como México, Chile e Argentina, imediatamente anteriores a data na capital paranaense. Exatamente às 21h, o quinteto atualmente formado pelo baixista e vocalista Jared Warth, os guitarristas Eric Lambert e Elliott Gruenberg, o vocalista Beau Bokan e o baterista Jared Frøn inicia o set causando um estrago considerável com “Exodus” e “Cutthroat”. O pessoal da grade cantava a agitava que nem malucos, e mais para trás, rodas de pogo eram quase incessantes.
A agitação intensa, todavia, teve um instante de amizade coletiva. Em determinado momento, alguém perdeu o óculos, e todos pararam, avisando aos mais próximos para fazer o mesmo. Assim que o sujeito encontrou seu pertence, o ergueu para sinalizar que a quebração poderia voltar ao normal. Curioso.

Blessthefall (foto: Clovis Roman).

We really missed you guys. This is our favourite fucking place in the world. You make us feel like home, so, thank you very much”, diz Bokan, bastante diplomático, em um dos diversos momentos de interação. O vocalista segue, perguntando quem são fãs das antigas e quem estava vendo a banda pela primeira vez, e comenta o período que passaram sem compor, gravar e lançar músicas, assim como sem fazer turnês. “Sentimos falta dessa merda, então decidimos voltar e fazer novas músicas. Querem ouvir uma? Podemos tocá-la agora?”. A resposta, obviamente positiva, foi a deixa para o começo de “Wake the Dead”, a mais recente deles, que saiu como single há exatamente um ano. A composição é um amálgama de todos os elementos que os consagraram: muito breakdown e peso em certos momentos mesclados a outros mais acessíveis, com o revezamento dos vocais guturais de Warth e os limpos e – bastante – melódicos de Bokan.

Como não estão em turnê para divulgar um álbum específico – Hard Feelings saiu há seis anos, em 2018 – apresentaram uma espécie de best-of da carreira, com foco especial em Hollow Bodies, o mesmo que divulgavam na última passagem por Curitiba, em janeiro de 2014. Este álbum foi o que conquistou a posição mais alta nas paradas norte-americanas, e é considerado um dos melhores da carreira. Dele, tocaram seis músicas, cerca de 40% do repertório completo. O hiato discográfico também se refletiu nas atividades ao vivo: Ficaram cinco anos sem subir aos palcos. Claro, houve uma pandemia mundial nesse meio tempo, mesmo assim, foi uma lacuna considerável, encerrada em agosto do ano passado. O tempo parado, como ficou provado no Jokers, não enferrujou a banda, que continua intensa ao mesclar peso e linhas melódicas bastante acessíveis, principalmente nos vocais.

Blessthefall (foto: Clovis Roman).

Depois de “Deja Vu”, nova conversa com a galera e apresentação dos integrantes: “Agora, vamos dar uma pausa no mosh. Tocaremos uma balada, afinal, nós amamos o amor”, declara o vocalista antes de “40 Days…”, que, ao menos musicalmente, não chega a ser uma balada de fato, apesar dos momentos melódicos predominarem. Na letra, todavia, há versos como “Cause I’m lost here without you”. O mosh voltou logo com a seguinte, “Bottomfeeder”, também do álbum Awakening, de 2011. Na sequência, Bokan provoca a galera, ao falar que este show poderia ser melhor que o de São Paulo. O resultado? Coros de “Curitiba, Curitiba, Curitiba” e “Ei, São Paulo, vai tomar no cu”, obviamente, uma mera piada do público. “Is that shit talking?”, pergunta o frontman, respondido imediatamente com um “sim” dos fãs. O termo shit talking quer dizer algo como “falar merda sobre os outros de maneira amigável” ou então, “conversa fiada” ou “zoeira” mesmo.

Caminhando para o final do set, o Blessthefall ainda dedicou “Guys Like You Make Us Look Bad” (a faixa mais antiga do repertório, oriunda do disco de estreia, His Last Walk, de 2007) para a banda de abertura, e sem muita enrolação, mandou “Promised One” e “You Wear a Crown But You’re No King”. Sem saírem do palco, voltam para um “encore” com a aguardada “Hey Baby, Here’s That Song You Wanted”. Casa cheia, público animado, som e luz excelentes e duas bandas de qualidade renderam uma noite inesquecível no Jokers. Além disso, tudo foi extremamente pontual, como é regra nos shows da Liberation.

Repertório:
Exodus
Cutthroat
Hollow Bodies
2.0
What’s Left of Me
Youngbloods
Carry On
Wake the Dead
Wishful Sinking
Déjà Vu
40 Days…
Bottomfeeder
Guys Like You Make Us Look Bad
Promised Ones
You Wear a Crown But You’re No King
Hey Baby, Here’s That Song You Wanted

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