Best of Blues and Rock
25 de junho de 2024
Live Curitiba
Curitiba/PR
Por Silvia Kucek
A pergunta que não se calou durante o festival do Best of Blues and Rock foi como apresentar o blues para alguém. Durante os shows de Eric Gales e Joe Bonamassa, a resposta se tornou muito simples.
Regada de músicos prodígios, o festival Best of Blues, que contou com outros dois shows no Brasil, sendo um deles com a presença de Kiko Loureiro no Rio de Janeiro e Zakk Wilde no dia anterior na cidade, foi realizado na Live Curitiba, teve o prazer de apresentar dois ilustres guitarristas do Blues e reconhecidos mundialmente pelo seu talento diferenciado.
Apesar de não conhecer muito do blues, admito que fui na intenção de absorver algo do festival, afinal, vai que o ambiente e os músicos criam um vínculo, não é? Felizmente, deu super certo. Apesar do dia chuvoso e gélido, começo de semana e tudo mais, tive o prazer de comparecer pela primeira vez ao local, com uma estrutura bem diferente da qual imaginava, e desfrutar ótimos momentos, assim como aposto que o público geral também pôde fazer, pois era era nítido que todos ali estavam desfrutando de boas companhias com algo que gostavam.

Pude ver Eric Gales escorada na grade da pista comum, e que espetáculo! Pontual, o americano, autodenominado melhor guitarrista de blues do mundo, foi o primeiro artista a tocar na noite gélida em Curitiba, na Live. Garoto prodígio, começou a tocar aos 13 anos em 1987, e cativou o público em seus plenos 49 anos com carisma e correntes douradas, além de suas belas guitarras destras. Sua forma de interagir com o público, seja falando palavras em português (pedindo ajuda para falar Do Caralho!) ou pedindo para participarem mexendo as mãos, fez com que o show de blues fosse para além da guitarra. Um show que vale a pena prestigiar!
Vale ressaltar o posicionamento dos demais músicos no palco ajudaram a fazer diferença, onde havia a percussionista e o baterista, um em cada canto, o baixista do lado esquerdo e o guitarrista base do lado direito, com Gales no meio, sempre se movimentando e interagindo com eles. A música que era produzida foi um encanto só, com Eric cantando muito bem poucas palavras, mas também cantando junto a sua guitarra, stratos que eram uma hora amadeirada e outra hora cromada. Confortável, agradável e bonito, essas são as definições para a apresentação de Eric Gales.

Já não estava mais chovendo quando Joe Bonamassa subiu ao palco, também pontualmente, às 21h30, com uma banda distribuída pelo palco e backing vocals exibidas, fora de sincronia. Apesar do nome do guitarrista de blues parecer-me familiar, o som definitivamente não foi tão amigável para mim quanto o anterior. A essa altura, já não estava mais na grade, não consegui achar um bom lugar para ver o artista por conta de minha altura, mas era impossível não notar seu terno de alfaiataria e óculos escuros, à noite, em um local fechado, num dia chuvoso.
Ao contrário de Gales, Bonamassa adiciona a guitarra na música, sendo um pouco maçante, mas não deixando de ser enérgica. O guitarrista percorre o palco, para lá e para cá, como um artista dos anos 50, trazendo o rock para além do blues. Sua Gibson amadeirada foi charmosa por alguns momentos, mas o que me deixou realmente contente com esse show, apesar de tudo, era ver como as pessoas aproveitavam as músicas para apreciar entre amigos, até mesmo em casal, como o casal de senhores que vi dançar lentamente ao som do som de Bonamassa, como se perpetuasse a passagem por bons momentos naquele instrumento de seis cordas.

Talvez seja isso que forme o blues, o perpetue e traga ainda mais edições para o festival: A atmosfera tranquila, cheia de todas as expressões que o ser humano pode ser capaz de demonstrar, de forma singela e harmônica. Recomendamos a todos esse maravilhoso evento!
E respondendo a pergunta do título: definitivamente escolho Eric Gales, e você?
