Suicidal Tendencies
14 de julho de 2024
Tork N´Roll
Curitiba/PR
por Clovis Roman e Kenia Cordeiro
Enquanto algumas bandas vão perdendo o vigor com o passar dos anos, outras parecem que envelhecem com classe. O Suicidal Tendencies, em uma distância de onze anos, apresentou shows bem diferentes em Curitiba. Em 2013, embora não tenha sido um show ruim, a banda apenas bateu ponto, com os veteranos Dean Pleasants (guitarra) e Mike Muir (guitarra) acompanhados por Eric Moore (bateria), Tim “Rawbiz” Williams (baixo) e Nico Santora (guitarra).
Agora, em 2024, em uma casa com estrutura, som e luz muito melhor, e com uma formação muito mais sólida, o Suicidal Tendencies derrubou todas as paredes e o público foi a loucura durante os 90 minutos que a banda esteve no palco. Dessa vez, Pleasants e Muir tinham ao seus lados o intenso baterista Jay Weinberg, recém egresso do Slipknot; o prodígio Tye Trujillo no baixo (o garoto de 19 anos já tinha tocado por aqui, em 2017, quando tinha, portanto, 12 anos, com o Korn!) – e sim, ele é filho de Rob Trujillo, baixista do Metallica e ex-integrante do próprio Suicidal Tendencies; e – substituindo o membro oficial Ben Weinman – Tim Stewart na outra guitarra. Para quem não sabe, o cara é experiente e requisitado na música pop e já tocou e/ou gravou com gente como Jennifer Lopez, Janet Jackson, Mariah Carey, Britney Spears e Lady Gaga.

A dinâmica do show do Suicidal Tendencies é meio torta, cheia de papos e momentos feitos sob medida para interação com o público, que aprova. Por exemplo: desde o primeiro acorde até o começo da segunda faixa, “Lost Again”, foram quase 12 minutos. Nesse meio tempo, rolou apenas “You Can’t Bring Me Down”. Mas na hora que o pau comia valia a pena cada segundo, como em “Free Dumb”, “War Inside my Head” ou a espetacular “Memories of Tomorrow”, certeira e curtíssima. Muitos a conheceram – assim como eu – na versão que o Slayer gravou no álbum de covers Undisputted Attitude (1996). Formidável.

Aos 61 anos, Muir apresenta uma energia de garoto, correndo para lá e para cá toda hora e agitando feito um maluco. Como frontman, domina a multidão como poucos. Uma relação de sinergia intensa e violenta (no melhor sentido do termo). A recém lançada “Nós Somos Família”, uma versão de “We Are Family” em português com diversos nomes da música pesada brasileira. Nos palcos curitibanos, estiveram presentes músicos das bandas de abertura, incluindo o vocalista da banda local Mustaphorius, Jhosefer Deki. Rumando para o fim do setlist, a divertida “I Saw Your Mummy”, cuja intro lembra muito “Conform”, do Siege, e a pedrada “Cyco Vision”.
Para fechar com chave de ouro, mais dois clássicos: “How Will I Laugh Tomorrow” e “Pledge Your Allegiance”, na qual, como de costume, a galera subiu no palco – a estrutura resistiu bravamente – e fez uma zona tremenda. Sim, basicamente todo o público deixou sua posição habitual e teve seus minutos ao lado de seus ídolos, de igual para igual, cada um com sua coreografia particular. Não havia melhor maneira de encerrar uma festa de arromba.

Repertório
You Can’t Bring Me Down
Lost Again
I Shot the Devil
Send Me Your Money
War Inside My Head
Memories of Tomorrow
Freedumb
Subliminal
Possessed to Skate
Lovely
Nós somos família
I Saw Your Mommy
Cyco Vision
How Will I Laugh Tomorrow
Pledge Your Allegiance
Bandas de abertura
A noite começou com o Mustaphorius, que está em grande momento e divulga o ótimo álbum “Homem Horrível”, uma evolução monumental em comparação ao debut Bebida e Mosh, EP de 2010. Na sequência, o Eskröta, grupo de crossover thrash com letras panfletárias sobre feminismo, anti fascismo e questões sociais em geral. O hardcore casca grossa do Bayside Kings foi a última antes dos gringos, e pegou a casa já quase lotada, e mandou ver com um setlist enérgico.
Foram três nomes que mostram a diversidade de estilos e de qualidade no cenário nacional. Se a ideia do Suicidal Tendencies era uma celebração, a ótima escalação dos números de abertura reforçou isto. E os headliners entregaram tudo e mais um pouco, com uma das melhores formações que a banda já teve nesses 40 anos de carreira. Fenomenal.
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