[Cobertura] Shelter retorna após muitos verões a Curitiba e compensa com massacre sonoro de boa índole

Shelter
14 de dezembro de 2024
Basement
Curitiba/PR

por Clovis Roman

Lembro-me de ouvir falar sobre o grupo americano de hardcore Shelter em Curitiba no final dos anos 1990 e começo do atual milênio. Em 1996, tocaram no Aeroanta, no dia 13 de junho. Depois, segundo registros da época, houve um outro show, no Memorial Largo da Ordem, em 2000. Portanto, a banda não vinha a cidade há, no mínimo, quase um quarto de século. A espera valeu a pena, mesmo que o show tenha sido – muito – curto: 55 minutos em cima do palco.

Claro que um show de hardcore não vai durar duas horas, mesmo assim, caberiam ali pelo menos mais umas duas ou três músicas. Com o palco adornado por incensos e a presença de integrantes do movimento Hare Krishna, o Shelter subiu ao palco às 19h25. O primeiro bloco trouxe quatro músicas de Mantra (1996), ainda o melhor disco da banda dona de uma discografia de altíssimo nível. 

Shelter (foto: Clovis Roman).

A porrada “Message of the Bhagavat” e a melodiosa “Civilized Man” abriram rodas instantâneas no público que lotou o Basement, tornando a missão de fotografar próximo ao palco simplesmente impossível. “I love this country. Thank you very much, Brazil. Curitiba is so cool!”, diz o vocalista Ray Cappo, antes de anunciar “Appreciation”. A comunicação do frontman com o público foi intensa, vários agradecimentos e mensagens positivas foram proferidas pelo frontman entre as músicas, sem deixar de perder o embalo do show em nenhum momento. Ele ainda chegou a mostrar uma tatuagem que havia recém feito na cidade. Mais acessível, “Empathy” teve grande coro no refrão, o que se repetiu em praticamente todas as 14 músicas apresentadas.

Shelter (foto: Clovis Roman).

Quase metade do repertório foi oriundo do disco Mantra, e deixaram de fora os dois últimos álbuns (lançados por volta de inacreditáveis duas décadas – o mais recente contemplado foi When 20 Summers Pass, de 2000, com a faixa-título), porém, ainda assim foi bem balanceada no que tange às suas características. Músicas mais velozes, como “When 20 Summer Pass” e “Mantra”, balancearam momentos mais comedidos como “Better Way”, a quase pop – e espetacular – “In Praise of Others”.

A empolgação absurda do público foi tanta que em “Song of Brahma”, um fã subiu ao palco para cantar alguns versos com a banda. Como um rolo compressor, o Shelter seguiu a hecatombe musical com a furiosa “Here We Go” (ainda mais fãs subiram ao palco, em uma bagunça controlada) e a cover de “We Can Work It Out”, dos The Beatles, que apareceu como faixa bônus em algumas edições do Mantra.

Shelter (foto: Clovis Roman).

Com contornos quase metálicos, a canção que dá nome a banda, “Shelter”, veio como encerramento, que deixou uma sensação dúbia de satisfação e a vontade de que o show tivesse, pelo menos, mais uns 15 minutos. Seja como for, o que o grupo apresentou em Curitiba foi tão sólido e intenso que descarta quaisquer poréns que pudessem ser cogitados. Após a performance, foi oferecido um baquete com comidas oferecidas pelos Hare Krishna, ao mesmo tempo que a galera comprava os livros de Cappo e tiravam fotos com o mesmo. A violência das rodas e a filosofia positiva do movimento podem viver em perfeita harmonia.

Shelter (foto: Clovis Roman).

Devido ao trânsito extremo na cidade e total ausência de um estacionamento fechado nas redondezas, não conferi as bandas de abertura, O lendário Coligere e a mais recente Infarto, que cobrimos recentemente quando fizeram a abertura para o Uganga.

Repertório:

Message of the Bhagavat
Civilized Man
Appreciation
Empathy
Better Way
When 20 Summers Pass
In Praise of Others
Mantra
In Defense of Reality
Hated to Love
Song of Brahma
Here We Go
We Can Work It Out [The Beatles]
Shelter

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