[Lista] 5 discos essenciais para conhecer a carreira de Ozzy Osbourne

No último sábado (5 de julho), o Black Sabbath protagonizou um dos dias mais gloriosos da história do heavy metal ao lotar o estádio Villa Park, em Birmingham, para realizar a última apresentação de sua carreira. Além da formação original do Sabbath — composta pelo vocalista Ozzy Osbourne, pelo guitarrista Tony Iommi, pelo baixista Geezer Butler e pelo baterista Bill Ward —, o evento ainda contou com a última performance de Ozzy Osbourne como artista solo e com bandas como Metallica, Slayer, Guns n’ Roses, Alice in Chains, Anthrax, Gojira e Sammy Hagar, que prestaram homenagens aos protagonistas da noite e engrandeceram o evento com ótimas versões de músicas de Ozzy e do Sabbath.

A magnitude do evento foi tão gigantesca que o nome de Ozzy Osbourne se transformou em um dos mais comentados no mundo nos últimos dias, despertando a curiosidade de pessoas que pouco conhecem sua carreira, que já ultrapassa meio século de duração. Por isso, selecionamos cinco discos que servem como introdução para a magnífica obra do vocalista mais icônico da história da música pesada.

Master of Reality, de 1970

Se os dois primeiros discos do Black Sabbath — os maravilhosos Black Sabbath e Paranoid — são praticamente obras de blues-rock com letras de terror e um clima mais sombrio do que o comum, é em Master of Reality que a banda se torna ainda mais autoral, com um disco que expandiu as fronteiras do metal e estabeleceu as bases do doom e do stoner, dois dos subgêneros do metal que permanecem em alta até os dias de hoje.

A abertura com o clássico “Sweet Leaf” fala por si só, com Ozzy mudando seu estilo de cantar ao não seguir os riffs de Iommi. Outro hit é “Children of the Grave”, uma das primeiras músicas a utilizar do baixo cavalgado, que se tornaria praticamente uma regra no heavy metal. Menos famosas mas não menos importantes são as pesadíssimas “After Forever”, cuja letra é uma das melhores de todos os tempos a tratar sobre o medo da morte; “Lord of This World”, que apenas não era a música mais pesada de todos os tempos até seu lançamento porque junto dela estava a sublime “Into the Void”, que até hoje surpreende pelo peso de seu riff inicial, um dos melhores da carreira de Iommi.

O disco ainda conta com as vinhetas “Embryo” e “Orchid”, além da belíssima “Solitude”, que segue um caminho totalmente diferente do resto do disco mas compensa sua falta de peso com uma atmosfera absolutamente melancólica. É uma obra-prima cuja influência é fundamental para a existência de bandas como Candlemass, Pentagram, Witchfinder General, entre tantas outras.

Sabbath Bloody Sabbath, de 1973

Após Master of Reality, o quarteto lançou o fantástico Vol. 4, que poderia perfeitamente estar na lista, e em 1973 chegou a vez de Sabbath Bloody Sabbath. Trata-se do disco mais criativo e musicalmente bem-trabalhado da carreira da banda, por seus flertes com o rock progressivo que geram momentos totalmente diferentes do que o Sabbath costumava fazer, como “Who Are You?” e “Spiral Architect”.

O peso nunca é deixado de lado, é claro; a clássica faixa-título e “Killing Yourself to Live” carregam alguns dos momentos mais pesados da carreira da banda, enquanto as excelentes “Sabbra Caddabra” e “Looking for Today” chegam a ser radiofônicas para os padrões da década de 1970. Completam a lista de faixas a linda instrumental “Fluff” e a majestosa “A National Acrobat”, certamente uma das melhores da carreira da banda.

Ao lado de Sabotage, de 1975, o disco marca o momento mais inspirado da carreira de Ozzy Osbourne em termos vocais: o que o cantor faz nesses dois discos é suficiente para colocá-lo ao lado dos maiores de todos os tempos, tanto pela potência inacreditável que carrega em sua voz quanto pelo alcance impressionante que ele jamais voltaria a entregar. Não há nenhum medo em afirmar que o auge de Ozzy é comparável ao de Robert Plant, Ian Gillan, Bruce Dickinson, Freddie Mercury e todas as grandes vozes da história do rock.

Diary of Madman, de 1981

Após deixar o Black Sabbath, em 1978, Ozzy descobriu o genial guitarrista Randy Rhoads e o recrutou para ser a principal força criativa de sua carreira solo. O primeiro lançamento foi o clássico Blizzard of Ozz, de 1980, que traz hits inesquecíveis como “Crazy Train”, “Mr. Crowley”, “Suicide Solution” e “I Don’t Know”.

Um ano depois, em Diary of Madman, Rhoads chegou em seu auge criativo ao compor mais sucessos, como “Over the Mountain” — cuja introdução de bateria traz uma clara homenagem a “Pictures of Home”, do Deep Purple — e “Flying High Again”, mas deixou sua criatividade fluir e gerar alguns dos épicos mais impressionantes da história do heavy metal, como “You Can’t Kill Rock n’ Roll”, “Believer”, “S.A.T.O” e a faixa-título, que muitos consideram como sua grande obra-prima.

Completam o álbum a balada “Tonight”, que traz um dos grandes solos de Rhoads, e a pesada “Little Dolls”, que ajudam a consolidar Diary of a Madman como um dos discos essenciais da carreira de Ozzy Osbourne.

No More Tears, de 1991

Após a trágica morte de Randy Rhoads, Ozzy contratou Jake E Lee para os álbuns Bark at the Moon e The Ultimate Sin. Em 1988, quem assumiu as seis cordas foi Zakk Wylde, que estreou com o bom No Rest for the Wicked, mas chegou em seu incontestável auge com o fantástico No More Tears.

É um dos raros discos de heavy metal no qual as melhores músicas são, de fato, os maiores hits: “Mama, I’m Coming Home”, cuja letra é assinada por Lemmy Kilmister, é uma das power-ballads mais emocionantes de todos os tempos, enquanto a faixa-título dispensa comentários, trazendo uma das melhores perfomances vocais da carreira de Ozzy e o momento mais inspirado da vida de Zakk Wylde, que alterna entre palhetadas que geram um timbre pesadíssimo e uma brilhante utilização da slide guitar — além, é claro, de seu inacreditável solo, um dos mais espetaculares da história do metal.

Outros destaques do trabalho são “I Don’t Want to Change the World”, “Desire” e a fantástica “Hellraiser” — todas também trazem créditos de composição para Lemmy. Mesmo que a discografia de Ozzy tenha continuado com momentos de qualidade, é praticamente um consenso de que No More Tears é o último clássico incontestável da carreira do príncipe das trevas.

Reunion, de 1998

Para os fãs que estavam vivos nos anos 1990, a reunião de Ozzy Osbourne com o Black Sabbath parecia fruto de uma fantasia. Em 1998, no entanto, o quarteto provou que vale a pena sonhar, pois o disco ao vivo Reunion traz a formação original da banda tocando um repertório fantástico composto por praticamente todos os clássicos e algumas escolhas que fogem do óbvio, como as maravilhosas “Behind the Wall of Sleep”, “Spiral Architect” e “Dirty Women”. É pra levar qualquer fã à loucura.

Mesmo que o andamento de algumas músicas tenha sido ligeiramente desacelerado, a performance de todos é absolutamente satisfatória (Ozzy jamais cantou tão bem desde então), o que gera rendições maravilhosas de canções como “Fairies Wear Boots”, “Electric Funeral” e da extraordinária “Snowblind”, talvez a melhor a contar com a voz de Ozzy.

Como se não fosse suficiente, o disco ainda traz duas músicas inéditas: “Psycho Man” e “Selling my Soul” não chegam a ser brilhantes, mas são boas e tem um peso histórico inegável por serem as últimas gravações de estúdio da formação original do Black Sabbath — 13, de 2013, conta com Ozzy, Iommi e Butler, mas não com Bill Ward. Apenas o solo de guitarra em “Psycho Man” já faz com que o esforço de compor músicas novas tenha valido a pena.

Foto: Reprodução/Facebook

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