[Resenha] Ghost Bath – Rose Thorn Necklace

Ghost Bath – Rose Thorn Necklace
(Shinigami Records – nacional)

por Clovis Roman

O Ghost Bath, liderado pelo músico norte-americano Dennis Mikula, ganhou notoriedade não apenas pela sonoridade melancólica e intensa, mas também por uma curiosa lenda: muitos acreditavam que se tratava de uma banda asiática, mais precisamente chinesa, já que a primeira gravadora que os lançou estava sediada na China e as informações sobre os integrantes eram escassas. Esse mistério acabou aumentando o interesse do público até a revelação de que, na verdade, o projeto tinha origem nos Estados Unidos. E este não é o primeiro projeto one-man-band de Mikula, pois em seu currículo também consta o If I Could Kill Myself, que tem um álbum bem interessante.

Seja como for, após quatro anos, o grupo retorna com o quinto álbum de estúdio, Rose Thorn Necklace, título que chega ao Brasil pela Shinigami Records (assim como foi com seu antecessor, Self Loather), na longeva parceria deles com a Nuclear Blast Records.

O trabalho tem certa dinâmica, ao variar o caos da faixa-título, com os momentos extremos de “Well, I Tried Drowning” e a excelente intro da instrumental “Thinly Sliced Heart Muscle”, que chega a lembrar a fabulosa “Silent Lucidity”, do Queensrÿche. Esta se conecta diretamente com “Dandelion Tea”, e se ouvirmos meio por cima, nem vamos perceber que uma música acabou e a outra começou. Mas tá valendo, até porque, logo depois do dedilhado de abertura, esta última se transforma num prog que vai evoluindo sem pressa alguma, derramando aos poucos nuances de blackcore e shoegaze, que permeiam todo o disco e elementos essenciais na identidade musical do Ghost Bath.

Atualmente no Raven, e notório por sua passagem pelo magistral Fear Factory (com o qual gravou os perfeitos Genexus (2015) e Aggression Continuum (2021), Mike Heller registrou as partes de bateria do trabalho, se encaixando como uma luva neste estilo, mostrando sua polivalência técnica, como evidente nas faixas “Vodka Butterfly” e “Stamen and Pistil”, que tem elementos eletrônicos e passagens black metal caóticas, incluindo gritos femininos desesperados na segunda. O interlúdio “Needles” nos leva para “Throat Cancer”, faixa de nome forte que aposta ainda mais no caos, por seu andamento vagaroso com vocais esganiçados. 

O método de composição da banda alterna passagens calmas e outras de grande explosão. Ao longo do disco, a banda sustenta um senso apurado de melodia, acompanhado por uma atmosfera sombria  e uma sonoridade que desperta emoções tanto boas quanto ruins. Sintetizadores criam texturas de suporte, sem exageros. O resultado é pesado, introspectivo e de sensibilidade única, que os distancia da maioria dos grupos que repousam sob o rótulo post-black metal. Se este disco é melhor que o anterior, Self Loather, só o tempo dirá. Mas no momento, conseguimos apreciar uma obra com um diferencial fundamental.

Compre o CD: https://www.lojashinigamirecords.com.br/p-9502390-Ghost-Bath—Rose-Thorn-Necklace 

Músicas:

  1. Grotesque Display
  2. Rose Thorn Necklace
  3. Well, I Tried Drowning
  4. Thinly Sliced Heart Muscle
  5. Dandelion Tea
  6. Vodka Butterfly
  7. Stamen and Pistil
  8. Needles
  9. Throat Cancer

Deixe um comentário