Motorjesus – Streets Of Fire
(Shinigami Records / nacional)
por Clovis Roman
A banda Motorjesus carrega consigo o rótulo de high octane heavy rock, que na verdade é apenas rock and roll. High octane remete a energia, mas este é justamente um dos alicerces do rock. É quase uma redundância. O nome horroroso – Motorjesus – e a caótica e confusa capa (tão feia quanto as de todos os discos anteriores) podem causar uma inicial antipatia. Mas quando o som começa a rolar, lembramos daquele velho ditado que diz: “Não julgue um livro pela capa”.
Streets of Fire é o sétimo disco de estúdio do grupo alemão, que assumiu a atual alcunha em 2006, após mais de uma década se chamando The Shitheadz (!!!). Um heavy/rock vigoroso se instaura com “Somewhere from Beyond”, que chega chutando tudo após uma breve introdução. O vocal áspero e forte, as melodias dos versos e refrão, a produção cristalina, mas encorpada, e o dinamismo da faixa conquistam de imediato. Se começamos com um pé atrás, agora estamos com os dois pés à frente.
Um rock and roll pesado, com uma suave reminiscência do death metal melódico, guia “Back for the War”, com um refrão bastante acessível, mas que – graças ao jesus motorizado – não se apoia em vocais limpos lamuriosos, como muitas bandas do mainstream fazem atualmente. O timbre de Chris Birx segue raivoso e melodioso na medida certa, deixando o som sempre com uma certa agressividade pairando no ar. Afinal, este é um disco de metal, certo? Soa como o Avenged Sevenfold pré-Nightmare sem as partes chatas. A faixa-título, mais básica e alicerçada no rock, mantém a energia em alta.
Com um pé no hardcore (elemento presente novamente na saideira “The Confrontation”), “They Don’t Die” apresenta uma nova faceta, usando a velocidade a seu favor, enquanto “2.Evil” pisa no freio sem cair na morosidade, se valendo até mesmo de um breve interlúdio de violões. O timbre das guitarras é um grande trunfo do trabalho – cuja produção ficou a cargo de Dan Swanö (Nightingale, ex-Edge of Sanity e ex-Bloodbath) -, pelas melodias ganchudas e ficar na tênue linha entre o peso e a acessibilidade. Fórmula mais que comprovada em faixas como a cadenciada “New Messiah of Steel”, o irresistível heavy metal moderno de “City Heat” e “The Driving Force” e suas suaves e contundentes camadas de teclado.
O fato de “The End of the Line” não ser a última música do tracklist não entra na minha cabeça. Todavia, qualquer questionamento sobre a canção recai apenas sobre a posição dela no CD. As guitarras dobradas roubam a cena. O disco termina, de fato, com “See you Next Doomsday”, um outro guiado por teclados datados muito legais.
De fato, a base da musicalidade do Motorjesus é o som pesado dos anos 1980, mas transposto para a década atual, pois soa moderno sem se apoiar em breakdowns inúteis ou em vocais limpos que parecem mais um adulto chorando do que um vocalista de rock. Como referências, Judas Priest, Motorhead e Avenged Sevenfold (muito também pelo timbre do vocal de Birx). Completam a formação a dupla de guitarristas Andy Peters e Patrick Wassenberg, o baixisa Dominik Kwasny e o baterista Adam Borosch.
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Músicas
- Somewhere from Beyond
- Back for the War
- Streets of Fire
- They don´t Die
- Return to the Badlands
- New Messiah of Steel
- 2.Evil
- The Driving Force
- Holy Overdrive
- City Heat
- The End of the Line
- The Confrontation
- See you next Doomsday (Outro)
Capa: Reprodução
