The Damnnation – Eyes of Despair
(Shinigami Records – nacional)
por Clovis Roman
Após a boa estreia com Way of Perdition (2022), a banda The Damnnation fez diversos shows pelo Brasil e uma turnê pelos EUA ao lado do Claustrofobia ano passado. Em meio a isso tudo, começaram a trabalhar no segundo trabalho, que chega ao grande público pela grande Shinigami Records. Eyes of Despair mostra um avanço criativo e técnico bastante notável. As músicas estão mais curtas, por volta de três minutos de duração média, que torna o material menos suscetível a enrolação. O lançamento tem uma música a mais que o debut, e dois minutos mais curto.
Em linhas gerais, o som está mais agressivo e com menos referências ao heavy metal tradicional. A parte lírica versa sobre situações de desespero e/ou isolamento, medo, desconhecido, injustiça, feminicídio, solidão e o crescimento como ser humano.
Sem respiro algum, “Burning Rain” chega atropelando, sem um mísero segundo desperdiçado. É uma abertura de disco tão impactante quanto “Devoured by Vermin” foi no Vile, do Cannibal Corpse. Com flertes ao thrash metal, “Hatred Genocide” não economiza na brutalidade, pois os versos raivosos e momentos velozes dominam a cena, dando espaço para algo mais melodioso e aderente no bom refrão. Há uma excelente sucessão de riffs, todos ótimos e memoráveis. A mudança de andamento na última repetição do refrão causa uma quebra de expectativa muito bem vinda.
Com diretrizes similares, “Matter of Time” me parece muito algo que o Arch Enemy atual faria se não tivessem diluído seu death metal melódico inovador na redundância e preocupação excessiva com o comercial. Os vocais de Renata Petrelli aqui soam especialmente raivosos, em uma interpretação irrepreensível que atinge seu auge no refrão. A caótica “Battlefield” mantém o clima raivoso, mesmo sendo mais cadenciada, enquanto “Stoned” não perdoa nas passagens rápidas e em outras arrastadas e densas.
Outra que aposta em passagens matadoras sem necessariamente pisar no acelerador é “Evilness”, com arranjos excelentes das guitarras. A compositora do disco, Renata, sabe sabiamente como unir os elementos do metal extremo, intercalando velocidade e partes lentas de maneira dinâmica – e a disposição das faixas no tracklist também foi muito bem pensada. “Tempus Fugit” é a única música que não foi composta por Renata, e sim pela ex-baixista Aline Dutchi, e é a que mais se assemelha com o disco anterior.
A participação de May Puertas em “Another Dimension” pouco acrescenta a faixa, ao contrário da ótima “Already Dead Inside”, uma balada melancólica guiada por vozes limpas que encerra o CD de maneira digna. São 34 minutos intensos que convidam o ouvinte a repetir a audição repetidas vezes. Eyes of Despair marca a estreia da nova formação, com Fernanda Lessa no baixo (Ancestral Malediction) e a baterista Camila Almeida. Todavia, quem comandou as baquetas em estúdio foi Janaína Melo, enquanto o contrabaixo foi registrado por Aline Dutchi. A arte da capa teve concepção de Renata, e a diagramação do belo encarte ficou com o experiente João Duarte.
No site oficial da banda, você encontra em press kit, que, entre outras informações, tem um quote de um texto publicado aqui no Acesso Music. 🙂
Compre o CD: https://lojashinigamirecords.com.br/p-9503268-The-Damnnation—Eyes-Of-Despair
Músicas
- Burning Rain
- Hatred Genocide
- Matter of Time
- Battlefield (feat. Opus Mortis)
- Stoned
- Solitude
- Evilness (feat. Daniela Serafim)
- Another Dimension (feat. Mayara Puertas)
- The Fall
- Tempus Fugit
- Already Dead Inside (feat. Mayara Puertas)
Foto: Mazzei
