Auri III – Candles & Beginnings
(Shinigami Records / nacional)
por Clovis Roman
Auri é o projeto new age composto por Tuomas Holopainen, líder do Nightwish, ao lado da cantora, violinista e pianista Johanna Kurkela e do fantástico multi-instrumentista Troy Donockley (o cara que trouxe um frescor extra ao Nightwish). O trio une influências de folk, celta, barroco, progressivo, sinfônico, música mundial, pop e avant-garde. Holopainen e Kurkela, que são casados, já haviam colaborado anteriormente no álbum solo The Life and Times of Scrooge (2014), enquanto a cantora também participou de gravações do Nightwish, Sonata Arctica e Delain. O grupo retorna em 2025 com seu terceiro álbum, III – Candles & Beginnings, aprofundando sua sonoridade etérea e cinematográfica.
Os primeiros momentos de “The Invisible Gossamer Bridge” dão a entender que esta é apenas uma introdução, porém ela se desenvolve, sem pressa, em uma música completa, cheia de sentimentos, enquanto “The Apparition Speaks” caminha por outros territórios, com uso de guitarra elétrica, que serve aqui como um apoio sonoro, e não como protagonista. O trio dança como estivesse em uma floresta na qual cada árvore é um estilo musical. Os movimentos são graciosos.
O baile é gentilmente interrompido para as introspectivas “I Will Have Language” e “Oh, Lovely Oddities”, que pavimentam o caminho para um dos maiores destaques: “Libraries of Love”, uma experiência de elevação espiritual, com melodias minimalistas, um toque percussivo e vocais sublimes. É a segunda maior faixa do disco, mas parece durar efêmeros segundos.
O grande épico aqui é “A Boy Travelling With His Mother”, a saideira, com mais de 10 minutos, que se desenvolve de maneira extremamente lenta, criando um clima pacífico com melodias aprazíveis e vozes declamadas, e passagens meio prog/pop. Não há um ápice intenso, nenhuma explosão, apenas camadas sonoras que se entrelaçam tranquilamente.
A que mais remete ao Nightwish aqui é “Blakey Ridge” (o título remete a uma região específica que tem um determinado bar..), uma viagem folk, com algo meio “Elán” (música do disco Endless Forms Most Beautiful, de 2015). Se tivesse guitarras (não que as guitarras sejam tão protagonistas assim no som do grupo) e teclados mais pomposos, poderia muito bem ter entrado em algum disco dos finlandeses. “Museum Of Childhood” parece ter sido gravada no meio de uma floresta, enquanto “Shieldmaiden” é mais introspectiva, alicerçada na ótima performance vocal de Johanna.
Completam a miríade de instrumentos em Auri III – Candles & Beginnings, o baterista do Nightwish (e ex-Rotten Sound!) Kai Hahto; o violoncelista Jonas Pap (que gravou em discos sublimes como The West Pole, do The Gathering; Hydra, do Within Temptation e trabalhos ao vivo Epica, entre outros); o baixista Juho Kanervo e o violonista Frank Van Essen, que também gravou com o Within Temptation no disco Hydra. O Auri, mais uma vez, entrega algo mágico, belo, delicado e profundo, que nos leva a cenários inimagináveis até então, todos muito agradáveis, até mesmo quando o clima é melancólico. Vale citar o belíssimo encarte do álbum, a cereja do bolo.
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Músicas
- The Invisible Gossamer Bridge
- The Apparition Speaks
- I Will Have Language
- Oh, Lovely Oddities
- Libraries Of Love
- Blakey Ridge
- Helios
- Museum Of Childhood
- Shieldmaiden
- A Boy Travelling With His Mother
Foto: Pete Voutilainen
