Møl – Diorama
(Shinigami Records / nacional)
Material gentilmente enviado por Shinigami Records
Por Clovis Roman
O dinamarquês Møl executa o chamado Blackgaze, um híbrido de showgaze com black metal. Entretanto, há muito mais na musicalidade apresentada em Diorama, o segundo full-lenght da banda. O que ouvimos aqui tem muito do post-hardcore também, e o resultado desta fusão maluca é um som que carece de diversas audições para ser assimilado; quando isto acontece, o regozijo é garantido.
Um crescendo vagaroso e determinado leva a guitarra limpa a se tornar um post-hardcore com vocais estridentes. Assim é “Fraktur”, que abre o CD. Os elementos black metal aparecem mais evidentes em “Photophobic”, um título que jamais teríamos de qualquer banda do estilo. As referências ao metal negro são esporádicas, afinal, aqui mesmo nesta faixa é possível ouvir – muitas – outras sonoridades, como o refrão, totalmente voltado ao death metal melódico sueco.
Curioso como em um momento o som é indicado aos fãs dos sons diretamente das profundezas do inferno, e no outro, pode acertar em cheio quem curte, por exemplo, bandas diametralmente opostas como um Alexisonfire ou um Withering Surface da vida. O disco aposta na quase completa ausência de solos, focando na mescla de camadas, ambientes e sonoridades. Diorama foi gravado e mixado por Tue Madsen (Gojira, Meshuggah, Heaven Shall Burn), o que ampliou o espectro sonoro em relação ao debut Jord (2018).
As partes mais metal se destacam na bastante melódica “Serf”, tão instigante quanto suas predecessoras. Variações repentinas e um refrão bastante acessível marcam “Vestige”, outra que vai mais na pegada do Alexisonfire em vários momentos, sem contar alusões ao Paradise Lost dos primórdios dos anos 1990.
Em “Redacted”, vocais limpos e agonizantes dão um tom lúgubre ao servirem de prefácio para guturais breves, que poderiam ser mais presentes durante o álbum. Vocais limpos, com outra abordagem, aparecem novamente em “Itinerari”, mais lamuriosa e cadenciada, um dos destaques do disco.
Os guturais voltam em “Tvesind”, outra com nuances black metal (principalmente nas palhetadas) e outras progressivas mescladas de maneira surpreendente. Com mais de sete minutos, é capaz de prender a atenção durante todo este tempo, seja na agressividade ou na delicadeza dos dedilhados. A oitava e derradeira é a faixa-titulo, uma fusão dos elementos ouvidos durante as faixas anteriores, criando mais um momento de imersão musical.
Apesar da sensação inicial de falta de unidade, devido ao passeio extenso em diversas searas musicais, Diorama convence pelo fato de que todos estes elementos tão dispares são muito bem costurados. Com canções longas, beirando a casa dos seis minutos em média, o Møl foi certeiro em adicionar apenas oito faixas ao álbum, assim, a audição nos 46 minutos do CD flui de maneira natural e deixa uma sensação de satisfação ao final da última canção. Nada aqui cansa ou se deixa perder aos pensamentos mundanos durante a audição.
Compre o CD: https://www.lojashinigamirecords.com.br/p-9486608-M%D8L—Diorama
Músicas
- Fraktur
- Photophobic
- Serf
- Vestige
- Redacted
- Itinerari
- Tvesind
- Diorama

