Iron Maiden
27 de agosto de 2022
Pedreira Paulo Leminski
Curitiba/PR
por Clovis Roman
Após 15 anos, o Iron Maiden retornou ao palco da Pedreira Paulo Leminski para mais uma apresentação lotada e histórica. Naquela época, em 2008, uma das músicas chegou a ser lançada posteriormente no CD e DVD ao vivo Flight 666. Desta vez o show não foi gravado, ao menos por câmeras profissionais, afinal, está devidamente registrado na memória e no coração dos fãs que lotaram o local. Aliás, os ingressos esgotaram poucos dias depois do início das vendas, há vários meses, pegando muita gente de surpresa. Poderia ter sido realocado para um estádio, como o Couto Pereira ou a Arena do Atlético Paranaense (sim, a grafia antiga).
Em todo caso, ver um show do Iron Maiden na Pedreira é mais que formidável, afinal, o espaço é feito para isto e muito melhor que vê-los no lodaçal do Bioparque, por exemplo. Ansiedade em alta, cerveja especial à venda e a luta para comprar os copos especiais do show, seja o oficial (um deles, vazio, R$ 25, outro, com cerveja da Bodebrown inclusa, saia por exorbitantes R$ 35) ou os genéricos tão caros quanto (na média de R$ 20). Caro, mas ninguém se importou. Era dia de celebrar. Nem a apresentação tenebrosa da banda sueca Avatar esfriou clima. Deixemo-os para o final do texto.
Logo após as 21 horas, o Iron Maiden abre o show exatamente da mesma maneira que todos os outros desta atual turnê, Legacy of the Beast 2022, porém, com diferenças substanciais em relação a primeira parte da mesma, que o Brasil conferiu em 2019. A mais importante foi a trinca inicial, agora, com três músicas do ainda recente Senjutsu, álbum de estúdio duplo, que dividiu opiniões, mais que o normal. Com um palco fabuloso, o sexteto entra com “Senjutsu”, faixa arrastada e brilhante no CD, mas um tanto extensa e morosa para um show ao vivo.
A emoção de rever a banda na cidade após nove anos sobrepujou tal detalhe, até mesmo porque na sequência veio “Stratego”, mais enérgica, com uma classe absurda e arranjos de extremo bom gosto. Bruce Dickinson está cantando absurdamente (sem contar a presença de palco do britânico, com movimentação constante), o que ainda mais impressionante ao constatar que o cara recém completou 64 anos. Encerrou o primeiro bloco a diferenciada “The Writing on the Wall”, que agradou de maneira moderada.
O segundo bloco teve oito clássicos indiscutíveis. A largada foi dada após um breve intervalo que aguçou a ansiedade da galera, devidamente retribuída com “Revelations”, um colosso monumental, repleta de passagens e melodias memoráveis. Mesmo o solo tirado de sei lá onde de Janick Gers (ele não gravou o disco que a canção pertence, no caso, Piece of Mind, 1983) não tirou o brilho da faixa.
As mudanças de cenário e figurino dão dinamismo ao show, que contou com 15 músicas em pouco menos de duas horas de duração. O repertório focou apenas no material mais antigo, tanto que a mais nova foi “Blood Brothers”, do disco Brave New World, lançado há 22 anos. O épico “Sign of the Cross” foi um momento de destaque, com seu clima tenso, até mesmo macabro, no começo, que desemboca em versos e refrão bastante cantáveis e uma sequência primorosa de extensos solos. Bruce a canta com uma veste com capuz, o rosto escondido, e segurando uma cruz iluminada. Boa parte dela foi cantada com ele no fundo do palco, no pratícavel que dá a volta por trás do cenário. Isto se repetiu em muitas outras músicas (como em “Flight of Icarus”, quando usou um lança-chamas, ou em “The Trooper”, em que até atirou no boneco-mascote-monstro-camarada Eddie), e mesmo assim, lá atrás, Bruce exercia um domínio total sobre a platéia.

As essenciais “Halloween be thy Name”, “Fear of the Dark” e “The Number of the Beast” deram as caras, com muito fogo e cenários. Pérola há pouco resgatada, “Flight of Icarus” foi tão intensa que pareceu ter durado poucos segundos. O encerramento veio com “Iron Maiden” a todo vapor, sem paradas no meio para interação com o público. Melhor assim, inclusive. Na última estrofe, Bruce Dickinson se perdeu, cantando atrasado em relação a banda, e no final, levou um puxão de orelha do chefão e baixista Steve Harris. Tudo isto mostrado nos telões, inclusive.
No encore, “The Trooper” e “Run to the Hills”, ambas com andamento levemente mais lento, cumpriram seus respectivos papéis, com muita encenação e mais fogos. O grande destaque – e ousadia – foi colocar a grandiosa “The Clansman” em lugar de destaque no repertório. A medida teve efeito, pois esta foi tão aclamada quanto os eternos clássicos. A canção pertence ao disco Virtual XI, gravado com o vocalista Blaze Bayley, em um momento de baixa da banda. Ponto para o Iron Maiden, que não deixa de tocar material de outras fases só porque o vocalista clássico voltou à formação.
O segundo bis trouxe a derradeira, “Aces High”, com um imenso avião sobrevoando os músicos, em um encerramento apoteótico. Um show do Iron Maiden transcende esse termo; se trata de uma experiência de vida, algo único, inenarrável como um todo. A banda ainda soa vigorosa, relevante, e entrega o melhor show de Heavy Metal de todo o mundo.
Repertório – Iron Maiden
Senjutsu – Senjutsu (2021)
Stratego – Senjutsu (2021)
The Writing on the Wall – Senjutsu (2021)
Revelations – Piece of Mind (1983)
Blood Brothers – Brave New World (2000)
Sign of the Cross – The X Factor (1995)
Flight of Icarus – Piece of Mind (1983)
Fear of the Dark – Fear of the Dark (1992)
Hallowed Be Thy Name – The Number of the Beast (1982)
The Number of the Beast – The Number of the Beast (1982)
Iron Maiden – Iron Maiden (1980)
The Trooper – Piece of Mind (1983)
The Clansman – Virtual XI (1998)
Run to the Hills – The Number of the Beast (1982)
Aces High – Powerslave (1985)
Avatar
Com o carisma de uma batata, a banda Avatar e seu vocalista proporcionaram um constrangedor desfile de músicas risíveis, como “Bloody Angels” (receita: 2 colheres de My Chemical Romance, uma xícara de Avenged Sevenfold sem inspiração e uma gota de Pantera, diluído em 70 milhões de litros de água) ou “The Eagle Has Landed”, com sua intro e melodias patéticas (a parte final, do ay-ay-ay-ay é um treco inefavelmente ridículo) e riffs pseudo-pesados que não impressionam nem uma simpática vovó de 90 anos.
As canções do grupo parece que nunca engrenam (o começo de “Hail the Apocalypse” até enganou por breves segundos), e não tem feeling ou qualquer traço de brilhantismo, mesmo que passageiro. O figurino é cafona, a presença de palco é forçada e a make-up do vocalista parece destinada ao público infantil. É tudo 100% descartável.

Curiosamente, uma parte substancial do público respondeu positivamente à apresentação do grupo sueco, cantando alguns refrãos ou melodias mais importantes. Depois de ver o Iron Maiden no Brasil tendo nomes de peso como número de abertura, do quilate de Slayer, Anthrax, Ghost ou Shaman, por exemplo, esta experiência com o Avatar foi deprimente. O que alivia essa sensação é que, exatos sete segundos após o fim do set dos caras, o povo começou a clamar por “Maiden, Maiden, Maiden” e quaisquer memórias desta pataquada haviam escoado pelo ralo para todo o sempre.
Fotos: Pri Oliveira/CWB Live

Horrível o que foi dito sobre Avatar, parece até um despreparo unido de opinião própria (e porca) do jornalista. A apresentação seguiu o padrão da banda, sendo pesada e cômica, exagerada e cafona (num bom sentido, já que essa é a proposta da mesma).
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Exatamente. Descrição infantil que não reflete na opinião geral. Favor, usar sua (in)capacidade jornalística para outra coisa.
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A apresentação do Avatar foi muito melhor do que o descrito na matéria. A presença de palco foi interessante, ainda mais se tratando de uma banda que basicamente ninguém da plateia conhecia ou anseava. Foi um bom aquecimento pro que estava por vir.
Concordo em relação à Senjutsu, que ficou um pouco arrastada.
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Meu comentário na verdade vai ao espaço. A pedreira é maravilhosa, porém está limitada a 30 mil ingressos, o que faz Curitiba ficar de fora as vezes de shows grandiosos….. Vemos o caso do Metallica, que utilizou o Couto e levou mais de 45 mil pessoas, temos também o show do Rod Stewart, na arena que levou 43 mil pessoas. Se estes espaços fossem mais utilizados os ingressos reduziriam de valor, caberia muito mais público e com certeza Curitiba seria mais vista com relação a shows internacionais de grande porte, como por exemplo uma possível turnê do AC/DC o ano que vem…. Por fim saliento a dificuldade em vender todos os ingressos do show do Guns, pois o valor está o dobro do show do Iron Maiden, que também ocorrerá na pedreira
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Nunca tinha ouvido falar na banda Avatar e gostei muito, achei diferente e engraçado e estou ouvindo e conhecendo mais da banda e achei uma falta de respeito enorme com a banda o que esse jornalista disse. Iron Maiden como sempre maravilhoso Bruce surpreende com essa energia contagiante e suas calças justas hahahah foi muito bom! Outro adendo é ter feito a galera ter que descartar alimentos e até mesmo água para poder entrar e isso é contra a lei e não passar o show do Avatar tbm foi um puta vacilo.
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Estou em dúvida se é uma cobertura de show ou uma opinião de quem foi obrigado a estar no show apenas por alguns reais e umas fotos…acho que poderia tirar [cobertura] do título e deixar como [opinião] sem embasamento…
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eles não recebem para fazer as “coberturas”, fazem isso para assistir show de graça, sejamos honestos, quem pagaria para eles fazerem esses comentários? e até porque mal deve ter visualização nesse site…é só olhar o instagram deles rsrsrsrs
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É assim que diferenciamos sites amadores de bons sites? Rsrsrs
A má fama de vocês não é à toa, não sabem destoar opinião de fatos, o público quase como um todo adorou o show do Avatar!
E a falta de respeito começou quando colocaram a resenha deles por último tendo em vista que foram a banda de abertura…e ao jornalista que já conheci pessoalmente em um show de São Paulo, carisma de batata quem tem é você, honestamente, parece que está fazendo o trabalho obrigado… vocês estão deixando a desejar……
Esses comentários da resenha foram literalmente o que eles gritaram…. UM SHOW DE HORRORES! rsrsrs
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Só uma correção: “refrões” não existe. O correto é refrãos ou refrães
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mas bha, que isso? Avatar é muito bom, tanto que foi convidado para um dos maiores eventos do mundo, o Hellfest 2022. Sabes nada.
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