O Helloween é figurinha carimbada no Brasil. O grupo alemão realizou mais de 50 shows no país desde 1996, em 12 visitas distintas. Isto torna o Brasil o 5º país em que a banda mais se apresentou na história, de acordo com o banco de dados do setlist.fm.
Na 13º viagem deles pra cá, Curitiba volta para a rota após 12 anos de ausência. Esta será a primeira vez da banda na cidade com a atual formação, que conta com sete músicos. O Helloween também bate cartão aqui no Acesso Music: Abaixo você vai conferir a nossa 5ª entrevista com o grupo, dessa vez conduzida por Kenia Cordeiro com o simpático baixista e membro original Markus Grosskopf.
Para mais informações sobre o show em Curitiba, que acontece dia 20 de abril, clique aqui.
A banda também será uma das atrações do festival Monsters of Rock, em São Paulo, no dia 22 de abril. Também se apresentam bandas como Kiss, Deep Purple, Candlemass e Doro. Confira detalhes sobre ingressos e tudo mais no seguinte link.
Por Kenia Cordeiro
Primeiramente, muito obrigada pelo seu tempo e por essa entrevista.
É um prazer.
Bom, vamos lá. Michael Kiske, em recente entrevista disse que vocês já estão trabalhando em um novo álbum. Como estão as coisas? Vocês já finalizaram as músicas ou ainda estão no processo de composição?
Ainda é muito cedo para dizer alguma coisa. Digo, claro que posso falar sobre isso. Nós já temos algumas ideias. Nós nos sentamos separados, em nossas casas, entre um show e outro, e aí gravamos algumas fitas demo, juntando todas as ideias que pudemos. Tudo começou individualmente, antes de começarmos como uma pré-produção ou algo assim. Ainda é muito cedo para falar sobre a pré-produção, mas individualmente já temos muitas ideias, mas ainda não é a hora de sentarmos juntos e conversarmos sobre isso, são só ideias, está tudo no começo. Com certeza será um álbum com a cara do Helloween, mas ainda não sabemos como vai ficar. Há muitas ideias, muitas músicas e muitas coisas boas a caminho, mas queremos terminar a turnê primeiro. Nós vamos ao Brasil, depois para a América do Norte, faremos muitos festivais europeus, vamos para o Japão, Austrália e tudo mais. Depois disso é que iremos conversar mais seriamente, possivelmente no final desse ano.
Certo! Bem, o álbum Helloween (2021) não tem nenhuma balada. Você acha que o próximo álbum terá alguma balada? Alguma música com uma pegada de “Forever and One”? [Risos]
Bem, na verdade, o Andi Deris havia feito uma ótima balada de última hora. Achamos que não era o momento certo de adicionar essa música, pois ainda não estávamos satisfeitos com ela. Porém, eu me lembro que havia uma balada, achamos ela legal, mas depois que a gravação foi concluída, tivemos algumas ideias melhores para ela e então resolvemos colocá-la na geladeira. Talvez iremos trabalhar nela dessa vez, mas nunca se sabe. Era necessário de um pouco mais de amor para faze-la acontecer, então decidimos esperar para talvez continuar agora.
Leia aqui nossa resenha do último disco do Helloween, homônimo: https://acessomusic.com.br/2021/08/22/resenha-o-melhor-momento-do-helloween/
E esse álbum recebeu ótimas críticas dos fãs e da imprensa. Sendo assim, você sente algum tipo de pressão para compor o próximo álbum? Ou você nem pensa nisso quando está gravando um novo disco?
Na verdade, não pensamos. Nós gravamos tantos discos e sempre dizem: “esse vai ser um álbum matador”, e você tem que ser muito bom nisso. Não queremos lançar coisas ruins, somos muito cuidadosos com o que estamos preparando, com o que estamos escrevendo e com o que estamos lançando. Isso acaba resultando no álbum. Claro que há algum tipo de pressão, mas podemos viver com isso, podemos aguentar, somos velhos de guerra [risos].
Vocês vão tocar em Curitiba e eu estou muito ansiosa pois é a minha cidade, e também irão tocar no festival Monsters of Rock. Gostaria de saber sobre o setlist. Haverá alguma diferença entre os setlists dos dois shows? Quero dizer, vocês costumam mudar o setlist para festivais? Fazendo uma espécie de “Best of” da carreira ou irão tocar o setlist regular?
Ainda não sabemos como será. Nós começamos a ensaiar esta semana e nos juntaremos para conversar sobre as músicas e testar algumas coisas, porque não tocamos juntos há algumas semanas. Então, agora estamos ensaiando e nos aquecendo para voltar aos palcos e depois iremos conversar sobre o que vamos mudar. O setlist de um festival é sempre muito diferente, porque acabamos tocando com diferentes bandas e as pessoas não estão vão só por causa do Helloween. Devemos ter em mente que vamos tocar com Deep Purple e Kiss, bandas assim muito tradicionais e nós temos músicas bem rápidas, um speed aqui e ali, e isso pode não ser algo que combine com um Deep Purple. Assim podemos pensar em mudar alguma coisa. Porém, quando vamos tocar no nosso próprio show, isso meio que não faz diferença, podemos tocar todas as músicas do Helloween. Em um festival assim, devemos pensar no que tocar, mas ainda não tomamos a decisão final.
E falando sobre essa diferença de público, é muito legal pensar nessa nova geração de metalheads. Mesmo que vocês já estejam na estrada há muito tempo, cada vez mais novos fãs vão assistir aos shows e ouvir as músicas. Sendo assim, se você tivesse que apresentar o Helloween para essa nova geração, quais são os três álbuns que você recomendaria?
Bem, talvez um deles seria o Master of the Rings, o outro seria um dos Keeper of the Seven Keys e talvez o Walls of Jericho. São três álbuns muito diferentes, digo, cada um álbum nosso é muito diferente, é difícil escolher só alguns. Talvez um quarto álbum seria o nosso mais recente, mas só posso escolher três, certo? Porque nesse você tem Kiske, Andi e Kai cantando, o que representa bem o Helloween para alguém que não conhece a banda desde os primórdios. Os outros vão desde a época do Andi Deris como vocalista e o Kai também, lá no comecinho, sabe?
Sim, faz sentido. Ótimas escolhas.
Yeah!
Markus, nos anos 1990, você gravou alguns projetos paralelos como Shockmachine e Bassinvaders, por exemplo. Há planos para, em algum momento do futuro, lançar algum outro projeto ou quem sabe um álbum solo?
Estou trabalhando com um amigo em algumas coisas um pouco mais rock and roll dos anos 1950, como um baixo e guitarras “mais animadas” e coisas assim. É o que estou tentando tocar com ele, estamos tentando escrever algumas músicas juntos, mas isso é para um futuro distante. Estamos só nos reunindo, gravando coisas e tentando fazer algumas músicas com a vibe dos anos 1950, pois ambos gostamos do começo da era do rock and roll. Eu faço o baixo, ele adiciona as guitarras e canta. Quando chegar o momento, vamos sentar e planejar as coisas mais seriamente. Eu gosto de surpreender as pessoas.

Muito legal! Agora, eu gostaria de voltar um pouco no tempo e falar sobre o Metal Jukebox, o álbum de covers. Como vocês escolheram as músicas pra esse álbum?
Todas as músicas são aquelas pelas quais somos influenciados, todas são de bandas que amamos. Tem um monte de coisas dos anos 1970, coisas do Beatles, do Deep Purple, do Scorpions. Todas as escolhas que amamos muito. E sim, o management queria que fizéssemos um álbum acústico, mas em vez disso, nós pensamos em fazer covers de todas aquelas músicas. Acho que foi legal, sabe, no final das contas, ter isso no catálogo do Helloween.
E se vocês gravassem uma segunda parte do Metal Jukebox, quais músicas você escolheria?
Não sei, talvez haja influências diferentes agora, porque foi há mais de 20 anos. Provavelmente seriam algumas bandas diferentes das de antes. Nunca pensei sobre isso, é uma boa pergunta.
Talvez alguma banda nova, não necessariamente uma influência, mas uma banda nova que vocês gostem e queiram gravar…
Sim, bem, eu não sei. Eu tentaria colocar alguma música do Chuck Berry, isso seria legal. Talvez uma boa pedida fosse uma faixa do Elvis para o Michael Kiske [risos].
Isso seria incrível [risos]. Bem, o Helloween também é conhecido por ter clipes e músicas divertidas, como “Rise and Fall” e “The Game is On”, só pra nomear duas. Quais dessas músicas mais engraçadas é a sua favorita?
Bem, eu gosto muito de “Rise and Fall”, porque há muitas coisas acontecendo e é tão engraçado com aquelas vozes engraçadas e animais no meio. Foi divertido fazê-lo. E tem aquela coisa da boneca quando você empurra na barriga. Eu gosto muito dessa e da “Dr. Steen”. Fizemos aquilo apenas por diversão, sabe? Só porque somos uma banda de metal, não quer dizer que não podemos ser divertidos, só porque você tem uma banda de metal, você não precisa ser tão sério. Queremos fazer as pessoas rirem, queremos entreter. Não queremos só ter aquela postura agressiva. Já tem muita gente fazendo isso e é legal que eles queiram ser assim, não tenho nada contra isso, mas nós não somos assim. Somos pessoas divertidas andando por aí, sendo positivas sobre as coisas. Nós não queremos vender algo que não somos. Somos assim e as pessoas entendem.
Acho que isso é o que torna o Helloween tão especial, porque nós conseguimos sentir isso no palco, que vocês estão se divertindo, aproveitando o momento e isso faz com que os fãs aproveitem o momento.
Nós não precisamos fingir em nada. Somos só um bando de caras bobões e as pessoas sabem disso. Acho legal não ter que fingir ser outra pessoa quando estou no palco, no estúdio ou escrevendo músicas.

E você gosta de gravar videoclipes? Você gosta de estar em frente às câmeras?
Bem, é algo que faz parte do trabalho. A gente não está tocando de verdade, mas fingindo tocar com um playback. Na maioria das vezes, você fica parado lá, esperando pelas luzes, pela técnica, aí chega a sua parte e leva 10 minutos, então você fica sentado por mais duas ou três horas até que as luzes estejam prontas para filmar a próxima parte. Isso é meio chato, mas você acaba curtindo com as pessoas que conhece. Tudo leva uns dois ou três dias, você precisa de maquiagem, aí fica esperando um tempão só para filmar por 10 ou 15 minutos, aí precisa esperar muito mais, mas faz parte do trabalho, e eu gosto. Nós vamos ao estúdio, e eu gosto de trabalhar no som do baixo e criar algo novo. Depois há a parte da composição, que pode ser feita em casa e é algo muito diferente da gravação, porque você está sozinho, com suas ideias na cabeça, com seu lado mais profundo tentando escrever uma boa música, isso é uma outra parte de ser músico. Aí, vem a turnê, então ensaiamos para a turnê, o que é muito diferente. Então saímos em turnê, subimos no palco, que é uma das melhores coisas da Terra. É um ótimo trabalho, sempre tem alguma coisa diferente, muitas possibilidades, nem sempre é a mesma coisa. Não é um trabalho em horário comercial. Nunca fica chato porque se você está em turnê, pode começar a compor, depois de compor tudo, vai ensaiando uma espécie de pré-produção. Depois, vai para o estúdio e depois, sai em turnê e faz as ações promocionais. Há tantas coisas diferentes para fazer.
Yeah, isso é incrível porque como você disse, você não fica entediado.
Sim, isso é muito legal.
Markus, muito obrigada pelo seu tempo. Foi uma entrevista curta, mas foi um prazer! Agora, deixe uma mensagem aos seus fãs brasileiros.
O prazer foi todo meu. Aqui é o Markus e chegaremos em breve! Espero que vocês gostem de nós aí no Brasil. E vou dizer pra vocês que precisamos de paz, de liberdade e de tolerância no mundo, e é por isso que viemos, para representar tudo aquilo que vocês já conhecem. Nós amamos todos vocês. Até mais!
Fotos: Clovis Roman

