Por Luís S. Bocatios
Ao longo da história do rock, os solos de guitarra transcenderam a simples exibição de técnica e virtuosismo e se tornaram expressões emocionais que marcam a alma de quem os ouve. Não se trata apenas de velocidade, complexidade ou técnica, mas sim do impacto melódico e da forma como cada nota se entrelaça com a música, conectando-se profundamente ao ouvinte.
Nesta lista, destacamos 10 solos que impressionam e emocionam, mostrando como a guitarra pode ser uma extensão do coração do músico e uma peça essencial para transformar boas músicas em clássicos absolutos da história do rock. A lista está em ordem cronológica, não de preferência, e reflete unicamente a opinião e o gosto pessoal do autor.
The Jimi Hendrix Experience: Bold as Love (Jimi Hendrix, 1967)
O álbum de estreia da The Jimi Hendrix Experience, Are You Experienced?, foi a maior revolução da história da guitarra. Seis meses depois, o disco Axis: Bold as Love veio para provar que Hendrix era ainda melhor do que o primeiro disco havia sugerido.
Se isso ainda não havia ficado claro para o ouvinte mesmo após músicas fantásticas como “Spanish Castle Magic”, “Little Wing” e “Castles Made of Sand”, a faixa-título, que também encerra o álbum, encerra qualquer tipo de dúvida. O solo da canção é uma explosão melódica e psicodélica, que tem um timbre inigualável e exibe uma emoção quase inatingível.
The Beatles: Something (George Harrison, 1969)
“Something” é uma das canções de amor mais bonitas de todos os tempos. Até Frank Sinatra concorda com isso; quando foi perguntado qual sua composição preferida de Lennon e McCartney, “the voice” não exitou em citar “Something”, sem saber que se tratava de uma música de George Harrison.
Não satisfeito em entregar uma das composições mais lindas da história, o guitarrista também faz um dos solos de guitarra mais melódicos de todos os tempos. Longe de ser o solo tecnicamente mais complexo do mundo, Harrison mostra que poucos tiveram seu talento e seu bom gosto para escolher a nota certa e tocar exatamente o que a música precisa.
Led Zeppelin: Since I’ve Been Loving You (Jimmy Page, 1970)
A escolha óbvia de um solo do Led Zeppelin seria “Stairway to Heaven”, mas ela é tão comentada que faz com que outros solos tão bons quanto ele sejam esquecidos. Um deles é o do blues “Since I’ve Been Loving You”, que conta com uma performance de tirar o fôlego de todos os integrantes da banda: Robert Plant entrega uma de suas melhores performances vocais, John Bonham entrega viradas alucinantes e John Paul Jones brilha não apenas no baixo, mas também no órgão.
Mas o maior destaque fica mesmo com Jimmy Page: todos os mais de sete minutos da canção são um deleite para quem gosta de guitarra, mas o solo é o incontestável ápice de tudo isso. Poucas vezes na história um nível tão apurado de técnica se aliou a tamanho feeling; mesmo abusando da rapidez em alguns momentos, Page encontra os bends mais destruidores para os corações recentemente machucados. Um guitarrista que deseje aliar técnica à emoção deve ouvir esse solo sem parar e aprender as lições que ensina.
The Rolling Stones: Sway (Mick Taylor, 1971)
Sticky Fingers foi o primeiro álbum do The Rolling Stones que contou com a participação de Mick Taylor durante todo o processo de composição e gravação. A ligeira mudança na sonoridade da banda, com um guitarrista mais técnico e com um talento absurdo para solar, fez com que os Stones não tivessem o menor problema para se adaptar ao som dos anos 70 – e a segunda faixa desse brilhante álbum é a maior prova disso.
“Sway” é uma canção tipicamente “stoneyana”, com um swing irresistível e uma melodia maravilhosa. Mick Taylor utiliza a canção para apresentar suas credenciais: após o primeiro refrão, o guitarrista faz um esplendoroso solo de slide guitar, na melhor escola do blues do sul dos Estados Unidos. No final da música, Taylor sola por mais de um minuto e meio, alternando licks simples mas extremamente efetivos com momentos mais complexos e rápidos. É uma aula de como aliar técnica e bom gosto em uma canção radiofônica.
Pink Floyd: Time (David Gilmour, 1973)
A essa altura, é praticamente desnecessário comentar a capacidade que David Gilmour tem de emocionar os ouvintes. Se ele decidir ligar sua stratocaster e fazer um solo no meio de “Parabéns a Você”, milhões de pessoas ao redor do mundo iriam às lágrimas.
Mesmo que “Comfortably Numb”, “Dogs”, “Shine on You Crazy Diamond”, “Fat Old Sun” e outras dezenas de canções merecessem figurar na lista, a escolhida da vez é “Time”. Em um solo de quase dois minutos, o guitarrista usa seus bends inigualáveis para levar o ouvinte ao completo delírio, exibindo um talento inigualável para passar por mudanças de harmonia de uma forma que soa completamente natural. O solo é praticamente uma composição em si; se a música fosse apenas isso, já seria o suficiente para estar entre as melhores da carreira da banda. É ouvir para crer.
Eagles: Hotel California (Don Felder e Joe Walsh, 1976)
Esse é o primeiro de três solos em sequência nessa lista que são feitos por dois guitarristas. Talvez esse seja o mais brilhante de todos: Don Felder começa o solo de forma simples e melódica, com bends marcantes e uma escolha de notas perfeita; em seguida, Joe Walsh adota uma abordagem um pouco mais técnica, com escalas diferentes e um estilo mais roqueiro.
No meio do solo de Walsh, há um curto lick harmonizado, que pega o ouvinte de surpresa e já sugere o que viria a seguir. O final do solo é uma das harmonizações de guitarra mais lindas de todos os tempos, que não apenas encerra a música com chave de ouro mas também a coloca no panteão dos maiores clássicos da história do rock.
Thin Lizzy: Emerald (Scott Gorham e Brian ‘Robbo’ Robertson, 1976)
Uma das duplas de guitarra mais importantes de todos os tempos é a do Thin Lizzy, formada por Scott Gorham e Brian ‘Robbo’ Robertson. As guitarras harmonizadas da dupla foram absolutamente inovadoras e serviram de inspiração para bandas como Iron Maiden e Metallica.
Uma das harmonizações mais fantásticas de todos os tempos acontece logo antes do solo de “Emerald”, que traz um “duelo” entre os dois guitarristas, intercalando frases curtas que se complementam de forma espetacular. Eventualmente, ‘Robbo’ assume totalmente as rédeas e faz um solo técnico e épico, que se encaixa perfeitamente na temática da canção.
Thin Lizzy é uma das bandas mais subestimadas de todos os tempos, “Emerald” é uma das músicas mais subestimadas do Thin Lizzy e os solos da música são indispensáveis em uma lista dessas.
Iron Maiden: Caught Somewhere in Time (Dave Murray e Adrian Smith, 1986)
A dupla formada por Dave Murray e Adrian Smith tem no currículo inúmeros solos fantásticos, como os de “Aces High”, “The Trooper”, “Revelations” e “The Number of the Beast”. No entanto, nenhum deles consegue ilustrar com tanta precisão a diferença entre os estilos dos guitarristas quanto o de “Caught Somewhere in Time”; talvez porque os guitarristas tenham tido nessa música praticamente o dobro de tempo para solar do que nas outras.
Dave Murray inicia o solo com seu estilo pouco melódico e extremamente técnico, com ligados muito rápidos, um uso bastante criativo da alavanca e bends precisos, mas não muito chamativos. Em seguida, Adrian Smith segue praticamente o caminho oposto: o solo é extremamente melódico, tem bends delirantes e técnicas diferentes.
É exatamente essa diferença de estilos entre os dois guitarristas que transformou não apenas a dupla em uma das mais lendárias da história do rock, mas também ajudou a alçar o Iron Maiden a um patamar único na história do heavy metal.
Megadeth: Tornado of Souls (Marty Friedman, 1990)
Na escola dos guitarristas mais técnicos do final dos anos 80 e início dos anos 90, Marty Friedman é um dos que tem o maior talento para unir sua veia virtuosa com a criação de passagens extremamente memoráveis. O maior exemplo disso talvez seja o magnífico solo de Tornado of Souls.
O solo começa lento e vai ficando progressivamente mais rápido, sendo um dos raríssimos solos que conseguem abusar da técnica e deixar o ouvinte impressionado com o nível de virtuosismo ao mesmo tempo em que tem partes altamente “cantaroláveis”. É outro solo que parece uma composição por si só; uma obra-prima absoluta.
Eric Clapton: Five Long Years (1994)
Em uma carreira recheada de altos e baixos, há quem diga que o auge técnico de Eric Clapton como guitarrista foi no disco From the Cradle, de 1994, que traz releituras do artista para clássicos do blues.
A performance mais impressionante do guitarrista no álbum é a de “Five Long Years”, que já começa com um solo surreal que mostra a técnica de Clapton em forma ainda mais impressionante do que nos tempos de Cream e Derek & the Dominoes. As frases que o guitarrista usa para intercalar com o vocal também são incríveis, mas o solo que começa perto dos 2:15 é ainda mais surpreendente em relação ao nível técnico que o guitarrista havia atingido.
Em termos de feeling, Clapton dispensa comentários; ele é basicamente o único guitarrista da história que consegue se comparar a David Gilmour quando se trata de emocionar o ouvinte. Mesmo que os solos de “Badge”, “White Room”, e “Key to The Highway” também pudessem figurar na lista, “Five Long Years” é um dos solos mais completos e impressionantes de todos os tempos.
Foto: Grok IA

Meu amigo , deixar de fora o solo de “Sweet Jane”, do álbum “Rock and roll animal de Lou Reed é um sacrilégio. Tem outra!!! “Hibernation ” do álbum”Bonzo’s Alice” do Ted Nugent. Fica a dica….
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Boas opções, agora Beatles?? Nenhum do Judas Priest? qualquer música do álbum paikiller certamente deveria estar aí.
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Pra mim faltou Dire Straits – SULTANS OF SWING.
Esta lista pode ser 15.
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excelente! Mark Knopfler é um gênio na guitarra 🎸.
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CONCORDO, PARA MIM MARK KNOPFLER É UM GUITARRISTA ÚNICO E MARAVILHOSO!
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Solo fantástico! Pretendo fazer uma parte 2 da lista, com mais 10 solos. As possibilidades são infinitas. Abs!
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A lista é ótima, mas, cadê Frank Zappa? Jeff Beck?! Todd Rundgren!? Poderia fazer uma série sobre esses gênios! Que tal? Valeu!
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Ótima ideia! Esses caras merecem listas específicas somente deles. Já adianto que meu solo favorito do Zappa é o de “Son of Mr. Green Genes” e do Jeff Beck é o de “Scatterbrain”. Sobre o Todd Rundgren, preciso me aprofundar mais.
Obrigado pelo comentário! Abraço!
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Isso que vou expressar é a minha opinião e serão somente 5 q +:marcou os solos do rock na história ta certo abraços à todos.
5_ sweet child o’ mine (guns n’ roses)
4_stairway to heaven( led zeppelin)
3_forever (kiss)
2_wish you were here (pink floyd)
1_sultans of swing (dire straits).
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Ótimas lembranças! “Forever” é um belíssimo solo de violão mesmo. Abs!
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não citar entre os dez “Smoke On The Water” com Ritchie Blackmore é criminoso!
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Belíssimo solo, mas, pra escolher um do Blackmore, eu ficaria com Highway Star ou Stargazer. Abs!
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Me desculpem mas o Prince ficar fora dessa lista é resumir que muita gente não sabe nada de música, pois só vejo solo citados aí de rock, não tem funk, jazz, R&B e etc … Pois os melhores guitarristas citados em diversas pesquisas só sabem tocar rock com excessão do Eric Clapton, quem é o melhor aquele que toca só rock ou aquele que domina diversos gêneros como Prince e o solo dele em When Whilly my Guitar Gently Weeps considerado um dos maiores solos de todos os tempos é vcs não sabem nada
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O título da matéria é “melhores solos da história do rock”, portanto, não vejo sentido em reclamar que só tem rock na lista. Se a lista fosse mais abrangente, eu certamente citaria “Why You Wanna Treat Me So Bad”, do Prince, que é um dos meus artistas favoritos, mas nunca fez rock (com exceção do excelente disco Chaos & Disorder).
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Sim a minha exclamação é que quando surge esses tipos de comentários é guitarristas que fazem parte de rock e seus segmentos como heavy metal e etc…, é que na minha opinião existem outros estilos que tem solo de guitarra melhor que muitos outros, como BB King por exemplo, mas eu entendi, por exemplo tem guitarristas que são exaltados mas só toca um estilo faltando versatilidade em suas performances, isso é que o Prince tem de sobra e ele não aparece geralmente em nenhuma lista quando se trata em guitarristas, sem contar que para o Eric Clapton considera ele o melhor, mas fazer o que são opiniões né, um abraço e até a próxima.
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Concordo com esta lista, mas ela deve ser ampliada. Muitos solos fantásticos ficaram de fora.
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Com certeza! Pretendo fazer um volume 2 daqui um tempo. Obrigado pelo comentário! Abs!
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