[Resenha] Testament – The Ritual

Testament – The Ritual
(WikiMetal – nacional)

por Clovis Roman

Lançado em 12 de maio de 1992, The Ritual é o quinto álbum de estúdio da banda norte-americana de thrash metal Testament, gravado no One on One Recording, em Los Angeles (USA), com o produtor Tony Platt (que fez, entre outros, Lock Up the Wolves, do Dio; Cold Lake, do Celtic Frost e Another Perfect Day, do Motörhead). Gravado com a formação composta por Chuck Billy (vocal), Eric Peterson (guitarra base), Alex Skolnick (guitarra solo), Greg Christian (baixo) e Louie Clemente (bateria), marcou uma fase de transição na sonoridade do grupo. Uma nova edição chega ao mercado brasileiro, pela WikiMetal, com a tracklist original e arte fiel ao material da época, apesar do acrílico vir envolto em um slipcase. Belíssimo.

Apostando em um ritmo mais cadenciado e com fortes influências do heavy metal tradicional, The Ritual se distancia da velocidade agressiva dos primeiros trabalhos, apresentando composições mais melódicas e estruturadas, o que resultou em faixas bem mais extensas que dos quatro discos que o precedem. O início dos anos 1990 foi um período de grandes transformações na cena do metal. O grunge ganhava força no mainstream, e nomes de outras vertentes mais pesadas buscavam novas abordagens para se manterem relevantes. Nesse cenário, The Ritual se destaca por tentar equilibrar a essência do thrash com um som mais acessível, o que dividiu opiniões entre fãs e crítica na época, mas também consolidou a versatilidade do Testament, que seguiu experimentando nos trabalhos posteriores. 

Mas antes da incursão dos vocais guturais em discos como Low e Demonic, o Testament, aqui, mescla a sua identidade musical pregressa com melodias e passagens mais grudentas, sem, entretanto, açucarar o som.Pois veja bem a trinca inicial: a introdução “Signs of Chaos”, cortesia de Alex Skolnick, abre caminho para a hoje clássica “Electric Crown”, dentro dos parâmetros traçados até então, com arranjos primorosos de guitarra, aquele riff básico característico e uma ponte e refrão primorosos. Impossível não sair cantando versos como “As I wander, change of seasons. I can’t ponder, I got my reasons” quase que de maneira imediata. Mais pesada, cadenciada e com influência clara do Metallica do Black Album (porém, muito melhor tanto no que tange a parte instrumental, de composição e pelos vocais estupendos de Chuck Billy), “So Many Lies” é mais minimalista, e uma pedrada infelizmente esquecida pela banda nos repertórios ao vivo há um quarto de século.

Lembrando que o Testament está prestes a chegar no Brasil, leia mais aqui.

Forte e direta, “Let Go of My World” outro grande destaque, tanto que foi uma das faixas incluídas no primoroso registro ao vivo Live in London. A faixa título é outra que busca algo mais palatável, mas ainda de maneira elegante e sincera. Pelo caminho inverso caminha a chata “Deadline”, único ponto baixo de todo o CD. Mas dentro do contexto, até que não causa tantos inconvenientes, até porque “As the Seasons Grey” retoma as rédeas com autoridade, novamente com um trabalho estupendo das seis cordas, de uma das melhores duplas da história do metal: Alex Skolnick e Eric Peterson. 

O Testament resgatou recentemente outra faixa de The Ritual nos setlists – e ela deve rolar em breve nos shows que farão no Brasil: “Return to Serenity” é uma balada, que chegou a ser veiculada na MTV brasileira nos anos 1990, atraindo atenção para o grupo e até mesmo passando uma impressão de que eram apenas mais uma banda de rock pesadinha. Em todo caso, a canção é um brilhante momento de serenidade antes da saideira, que retorna com o peso e agressividade que procuramos em lançamentos da banda.

“Troubled Dreams” chega embalada por um riff marcante e mais um andamento cavalgado, com versos fortes e nenhum excesso de preciosidade. Na meiuca, ainda temos “Agony”, que se aproxima dos materiais mais antigos, só que mais polido, e “The Sermon”, na qual Chuck Billy lembra muito James Hetfield daquela época, em uma faixa que não se destaca, ainda mais por estar cercada de pérolas muito mais fortes – basta ouvir as duas músicas anteriores e as duas posteriores.

As músicas extensas não se tornam cansativas, e mostram uma nova faceta mais progressiva do grupo. O antecessor, Souls of Black, tinha faixas que rondavam os quatro minutos de duração média. Aqui, essa média quase chega em seis minutos. A destreza e bom gosto do grupo torna a audição um deleite vigoroso e fez The Ritual passar no teste do tempo com louvor. 

Compre o CD: https://www.wikimetalstore.com.br/produto/313/cd-testament-album-the-ritual-slipcase

Músicas:

01 – Signs of Chaos
02 – Electric Crown
03 – So Many Lies
04 – Let Go of My World
05 – The Ritual
06 – Deadline
07 – As the Seasons Grey
08 – Agony
09 – The Sermon
10 – Return to Serenity
11 – Troubled Dreams

Foto: Clovis Roman

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