Tarja Turunen
Tom Brasil
São Paulo/SP
01 de setembro de 2018
por Clovis Roman e Kenia Cordeiro
A cantora Tarja surgiu no cenário Metal no final dos anos 90, cantando em uma banda que tinha como produto final um som que unia Metal com a erudição clássica. A fórmula deu certo, criou uma legião de bandas similares que vieram no rastro e alçou Tarja ao estrelato. Anos mais tarde ela acabou sendo demitida do grupo, o Nightwish, e entrou em carreira solo. Hoje em dia ela se sente livre como artista, gravando discos regulares de estúdio, baseados no Rock e no canto lírico, mas também trabalhos especiais com canções de Natal ou óperas. Ou seja, Tarja faz o que quer.
O pré-show
A movimentação na frente da casa começou cedo. Os fãs, em sua maioria verdadeiros devotos, formaram a fila desde o começo do dia. Com o passar da tarde e o anoitecer, uma quantidade considerável deles entrou na casa antes do horário padrão, para participarem de um Meet & Greet com a cantora. Tarja conversou e tirou fotos com todos – sem uma única exceção – e foi muito querida. Muitos fãs pediram autógrafo em suas peles para posterior tatuagem. Foram tantos que Tarja dava risada sempre que o pedido se repetia. Ela ganhou presentes e no final presenteou um vencedor de um concurso de fotos. Foi um momento marcante para ambas as partes.

Depois que a galera finalmente entrou na casa e se acomodou, veio a abertura, com o grupo Rec/All, liderado pelo vocalista Rod Rossi. Dono de agudos impressionantes, mesmo que as vezes pela demasia, o rapaz canta muito bem e conta em sua banda com monstros como a dupla do Angra Felipe Andreoli (baixo) e Marcelo Barbosa (guitarra); completa o time o não menos competente Pedro Tinello (bateria). O repertório foi bem curto, e contou com covers de Almah (antiga banda de Felipe) e Angra – “Angels and Demons” – e ainda teve até música de desenho animado infantil. Que foquem em seu material próprio, que o futuro é promissor, seja com essa ou outra formação.
Tarja
O show que realizou em São Paulo foi um tanto mais recheado que os outros na turnê latino americana. Sorte dos presentes que encheram a casa, afinal, puderam conferir o mega clássico “Phantom of the Opera”, do musical de Andrew Lloyd Webber. A performance contou com o adendo da voz do baixista Kevin Chow que, apesar de claramente não ser um cantor, mandou bem em suas partes. A abertura com “No Bitter End” foi forte, afinal a canção, ainda relativamente nova (ela a estreou por aqui em 2015) já é obrigatória nos shows.
Algumas canções do ótimo “Colours in the Dark” e outras do último disco, “The Shadow Self” se fizeram presentes, com destaque para a lindíssima “500 Letters” e “Diva”, uma música de grande aceitação, inclusive pelo pessoal LGBTQ. Nessa, a cantora usou uma coroa que havia recebido de presente de uma fã no Meet & Greet realizado horas antes. Ganhou pontos com seu público com essa atitude. Não que precisasse, afinal, Tarja comanda a todos como uma verdadeira diva, que reina sobre seus súditos, inatingível.

A performance brilhante – e visceral – de Tarja em “Supremacy”, música do Muse, não me deixa mentir sobre a soberania da vocalista. Um medley do Nightwish esquentou a galera, justamente antes do momento ‘relax’ da apresentação. Com todos sentados em semicírculo no meio do palco, Tarja brilhou com interpretações soberbas de “House of Wax” de Paul McCartney, e das autorais “Until Silence” e “Mystique Voyage”. O público veio abaixo, entretanto, com “Lanterna dos Afogados”, do Paralamas do Sucesso. Com exceção da banda Força Macabra, não é normal ver alguém da Finlândia cantando músicas em português. A música, belíssima por si só, ficou muito bonita. Merece um registro em estúdio.
Após o fim do show regular, a cantora voltou, com outra roupa, e mandou um encore generoso com quatro canções, entre elas “I Walk Alone”, cujo título remete à si mesma, e “Until My Last Breath”, os últimos suspiros de Tarja e os últimos acordes de sua banda em cima do palco do Tom Brasil. Ovacionados, todos se despedem, visivelmente satisfeitos com a noite. Tanto que demoraram em cima do palco nesse momento. Confira os registros desse e de todos os outros momentos desse grande show. Que o Brasil continue na rota de Tarja quase que anualmente, como vem sendo nos últimos tempos.

REPERTÓRIO
No Bitter End
500 Letters
Demons in You
Little Lies
Eagle Eye
Diva
Calling from the Wild
Supremacy [Muse]
Tutankhamen / Ever Dream / The Riddler / Slaying the Dreamer [Nightwish]
Until Silence
The Reign
Mystique Voyage
House of Wax [Paul McCartney]
Lanterna Dos Afogados [Paralamas do Sucesso]
The Phantom of the Opera [Andrew Lloyd Webber]
Love to Hate
Victim of Ritual
I Walk Alone
Innocence
Die Alive
Until My Last Breath
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