Guro – Missa Profana
Por Clovis Roman
Este segundo álbum do Guro (Londrina/PR) parece trazer mais referências sonoras que o debut, com passeadas por perto do stoner ou alternativo, porém sem deixar de ser grind, sem deixar de ser satânico. Quem já os conferiu ao vivo sabe que a podreira sonora dos caras predomina sempre.
O começo do disco é puramente grindcore, com a caixa de bateria puxando uma porrada ultrasônica, a faixa-título. Na sequência, a mais cadenciada “Escravos” e a esporrenta “Maconha 666”, que elenca as qualidades e benefícios da planta, em relação a agricultura ou tratamento de doenças. Esta conta com participação especial do João Kombi, do Test.
A estranha “O Diabo Está Ente Nós” (que vem depois da insana “Ninguém Me Representa”) parece uma costura de partes distintas, com riffs tortos e descompassados (saca a intro) e passagens super velozes. Por isto mesmo, é sensacional. A parte em que o título da música é vociferada é poesia pura. Esta é a primeira faixa mais diferenciada deste disco.
Por sua vez, “Pesadelo” fala sobre a insanidade dos posicionamentos e declarações da ex-ministra Damares Alves. Depois falam que a Dilma que não falava coisa com coisa. Abrindo numa linha mais death metal, “Izo” evolui para o caos em seus derradeiros segundos. A intro apocalíptica de “O Mar” poderia ser maior, mas em todo caso o som é espetacular em qualquer momento. Basicamente um rock and roll com vocais agudos e limpos, um Ozzy meio hippie, “Deadly Nightmares” não tem nada de grind aqui. Surpreendente e muito legal.
A devassidão sonora é retomada com “Crackheads with Machine Guns”, com partes lentas bastante funcionais. “Retaliação” é uma das mais curtas, 30 e poucos segundos e mais agressividade que velocidade. Sobre as músicas deste trabalho, conferi um show da banda há alguns meses e eles tocaram cinco faixas novas: “Maconha 666”, “Mão Esquerda”, “O Mar”, “Pesadelo” e “Retaliação”, que somadas duram 5’11’’. Simples estatística curiosa.
Leia aqui a resenha do show do Guro em Curitiba: https://acessomusic.com.br/2022/02/13/cobertura-grind-e-punk-no-palco-do-92-graus
O disco encerra com chave de ouro com “The Eyes of Death”, mais death metal em várias passagens, com algo de stoner nas guitarras. A embalagem do álbum Missa Profana é tão foda quanto o conteúdo musical. O CD vem em caixa de acrílico com slipcase e um poster com uma arte inédita, com um personagem bastante divertido e amigável. 😉
O disco conta com 17 músicas e dura cerca de 25 minutos, o que dá uma média de um minuto e meio por faixa. Não tem fillers, não tem encheção de linguiça. Porradaria pura, insana e que não se furta em trazer sonoridades alheias ao universo do grindcore. O Guro é uma das bandas com mais identidade dentro deste universo musical. É uma fodice num nível elevado demais. Junte-se à missa profana do Guro.
O lançamento é uma coleboração dos selos Capetoize Distro, Cianeto, Eronnimous Records, Undergrind Rec e Quedabrupta.
Músicas
- Missa Profana 01:18
- Escravos 01:52
- Maconha 666 01:32
- Solitude 01:19
- Morte ao Proletário 01:43
- Ninguém Me Representa 00:35
- O Diabo Está Entre Nós 03:17
- Mão Esquerda 00:46
- Izo 01:41
- O Mar 01:42
- Empresas 00:54
- Pesadelo 00:36
- Ética da morte 01:05
- Deadly Nightmares 02:26
- Crackheads with Machine Guns 01:32
- Retaliação 00:35
- The Eyes of Death 02:33
Formação
Eron Bueno – Vocal
Thiago Franzim – Guitarra
Francisco Paiva – Bateria
Conheça mais a banda Guro: www.facebook.com/gurodeath